Macronutrientes secundários no solo e suas disponibilidades

7 ago, 2019
Redação Nutrição de Safras
- Tempo de Leitura: 5 minutos
pequena muda de planta

O que você sabe sobre o macronutrientes secundários?

O sucesso da Agricultura é o resultado da soma de vários fatores, no qual a nutrição correta das plantas ocupa papel fundamental. A certeza de que os campos de cultivo estejam recebendo níveis adequados dos nutrientes necessários para as plantas, aliada a boas práticas agronômicas, é a garantia de que a cultura terá bom desempenho com produtividade alta. 

Principais nutrientes

Os elementos essenciais para a nutrição das plantas são os macronutrientes primários: Nitrogênio (N), Fósforo (P) e Potássio (K), macronutrientes secundários: Enxofre (S), Cálcio (Ca) e Magnésio (Mg), micronutrientes: Boro (B), Cloro(Cl), Cobre (Cu), Ferro (Fe), Manganês (Mn), Molibdênio(Mo) e Zinco (Zn), além de Carbono, (C), Hidrogênio (H) e Oxigênio(O2). Todos desempenham funções essenciais para o desenvolvimento das plantas e a deficiência de apenas um deles pode prejudicar o desenvolvimento normal das culturas e, consequentemente, sua produção. 

Ter conhecimentos básicos dos macronutrientes secundários (como: sua importância, sintomas causados pela sua deficiência, seu comportamento no solo e suas fontes disponíveis) aliado ao conhecimento dos níveis adequados de nutrientes e a necessidade de cada cultura, pode auxiliar na orientação para adubação mais adequada a cada realidade, com melhor custo benefício para o agricultor. 

Macronutrientes secundários: enxofre

O primeiro elemento a ser abordado é o enxofre que tem sua importância por estar ligado à produção de proteínas que auxiliam o crescimento das plantas, à resistência ao frio, ao ataque de microrganismos patogênicos, ao crescimento de raízes vigorosas e à formação de sementes. Sua deficiência causa principalmente clorose nas folhas mais novas, formação de folhas menores, enrolamento de suas margens, redução do florescimento e de nodulação em leguminosas.

Dentre as formas disponíveis de enxofre nos solos, somente a forma aniônica SO4²- é absorvida pelas plantas, sendo que ela representa apenas 5% do total de enxofre encontrado no solo. Justamente em decorrência de sua carga negativa, não é atraído para as superfícies da argila do solo e da matéria orgânica, exceto sob certas condições de acidez. Ele permanece na solução do solo e se movimenta com a água contida nele e, dessa forma, pode ser facilmente lixiviado.

Certos solos acumulam enxofre no subsolo, onde há maior quantidade de cargas positivas, disponibilizando o nutriente para culturas com sistema radicular mais profundo. Devido a sua alta mobilidade no solo e a fatores como: mineralização da matéria orgânica, erosão do solo, regime pluviométrico intenso e pH do solo, o enxofre tornou-se um nutriente que limita a produtividade das culturas.

A aplicação de enxofre depende da necessidade das plantas e da disponibilidade do elemento no solo. As recomendações variam de 10 a 30 kg de S por hectare, podendo chegar a 50 kg ha-1 em algumas culturas. As principais fontes de enxofre são: enxofre elementar, sulfato de cálcio (gesso ou fosfogesso-16% de S), superfosfato simples (10-12% de S), sulfato de amônio (22- 24% de S), sulfato de potássio e magnésio (22-23% de S), sulfato de potássio (15-17 % de S), sulfato de magnésio (12 14 % de S), sulfonitrato de amônio (13 15 % S) e fosfato parcialmente acidulado (0-6% de S). 

Macronutrientes secundários: cálcio

O cálcio é um nutriente extremamente importante na nutrição das plantas, já que é responsável pela rigidez das plantas, além de estar relacionado com o desenvolvimento e funcionamento das raízes, a formação de folhas e a translocação e armazenamento de carboidratos e proteínas.

Como é um constituinte estrutural das células, sua presença em atividades enzimáticas ou fluxo via floema é praticamente inexistente e pouco dele é redistribuído na planta. Como consequência, seus sintomas de deficiência aparecem em órgãos e partes mais jovens como gema apical, clorose e necrose internervais nas folhas mais novas.

Devido a sua baixa mobilidade no solo e na planta, a região de absorção se resume apenas nas extremidades das radicelas, que ainda podem ser reduzidas quando na presença de outros cátions (K+, Mg++ e NH4+). 

A forma catiônica (Ca²+) é aquela absorvida pelas plantas e também presente no solo, mas sua disponibilidade pode ser influenciada pelo grau de saturação no complexo de troca, pela sua relação com os outros cátions do complexo coloidal e também está relacionada ao material de origem do solo, a textura e ao teor de matéria orgânica 

O calcário e o gesso são as principais fontes de cálcio (calcário calcítico – 49% CaO, calcário magnesiano 39% CaO, calcário dolomítico 30% CaO, gesso 26% CaO) e são, também, condicionadores de solos. Além destes, existem fertilizantes que contém na sua composição o cálcio como o superfosfato simples (18-20% % CaO), superfosfato triplo (12% CaO), termofosfato(30% CaO), dentre outros. A exigência de cálcio varia grandemente nas diferentes espécies, podendo alternar de 10 até 200 kg ha-1. As plantas dicotiledôneas, de modo geral, são mais exigentes em cálcio do que as monocotiledôneas.

Macronutrientes secundários: magnésio

O último macronutriente secundário a ser abordado, e não menos importante dos acima citados, é o magnésio. Ele está presente como átomo central da molécula de clorofila e além de ter papel fundamental no processo de fotossíntese, participa de processos ligados à síntese de amido, proteína, gorduras e vitaminas.

Está também envolvido no balanço cátion-ânion, no ajuste da turgescência nas células das plantas e ainda faz parte da composição da pectina, como elemento estrutural das paredes celulares. O restante do magnésio é muito móvel e circula no sistema vascular do xilema e do floema.

Devido a sua alta mobilidade no floema, é facilmente retranslocado desde as folhas velhas até os lugares de intensa atividade metabólica, como caules jovens, bem como na formação de órgãos de reserva, como, por exemplo, grãos, frutos, etc. Por isso, seus sintomas de deficiência se apresentam nas folhas velhas, além de queda e redução no tamanho dos frutos. 

Sua disponibilidade no solo depende de sua textura e do seu conteúdo de matéria orgânica, ambos responsáveis pela capacidade de retenção de cátions no solo. Solos com grande conteúdo de argila têm maior capacidade adsorvente que os solos arenosos, mas sua liberação do complexo trocável é geralmente inferior à necessidade pelas culturas, exigindo fontes extras de magnésio para suprir a necessidade requerida pelas plantas.

Tais fontes podem ser encontradas principalmente nos sulfatos, carbonatos, óxidos, cloretos e nitratos. Elas variam de acordo com o conteúdo de nutrientes e com a solubilidade, a qual controla a disponibilidade de nutrientes para as plantas.

Esses dois fatores determinam o uso de diferentes fontes de magnésio nos sistemas agrícolas. Os carbonatos e os óxidos são formas pouco solúveis em água e necessitam reagir com ácidos para liberar o magnésio, enquanto as formas sulfatadas são altamente solúveis. 

Enxofre, cálcio e magnésio, abordados nesta matéria, fazem parte de uma série de nutrientes necessários para que as plantas se desenvolvam com seu máximo potencial. A disponibilidade de cada um deles, suas relações de equilíbrio aliadas à sua dinâmica no solo representam a fertilidade de um solo.

Ciente de tais informações, somadas ao conhecimento das fontes de nutrientes disponíveis e da necessidade nutricional de cada cultura, o agricultor terá a certeza de conseguir alta produtividade com o máximo rendimento econômico. 

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