Milho safrinha, por que investir?

3 jan, 2020
Gustavo Dalto
- Tempo de Leitura: 3 minutos
lavoura de milho

Você sabia que…

A cultura do chamado milho safrinha vem, a cada ano, ganhando mais importância no Brasil?

O cenário chegou a um ponto em que o próprio termo “milho safrinha” tem sido trocado por “segunda safra de milho” pois atualmente ela representa a maior área plantada e o maior volume de grãos de milho produzido pela agricultura brasileira.

O milho de segunda safra é definido como uma cultura de sequeiro cultivada geralmente depois da soja precoce, na região Centro-Sul do Brasil e envolvendo basicamente os estados do Paraná, São Paulo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e, mais recentemente, Minas Gerais.

Começou a ser plantado em meados dos anos 80 no Paraná e expandiu-se de forma rápida nos anos 90. De acordo com o último levantamento da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), divulgado em 10 de dezembro de 2019, foram produzidas 70,9 milhões de toneladas de milho na atual segunda safra em uma área plantada de 12,8 milhões de hectares, enquanto que a primeira safra (2018/2019), produziu 10,5 milhões de toneladas em uma área de 4,1 milhões de hectares, ou seja, o milho de segunda safra produziu 7 vezes mais grãos em uma área 3 vezes maior em relação ao milho de primeira safra.

Vale a pena investir no milho safrinha?

O cultivo da segunda safra de milho possibilita o uso mais racional dos fatores de produção como a terra, as máquinas e equipamentos e a mão-de-obra, em um período ocioso do ano, onde o preço do grão geralmente é maior do que no período de safra de verão, e frequentemente, menor é o custo de produção.

Com a adoção do sistema de plantio direto na palha e o uso de cultivares precoces de soja, houve redução no tempo entre a colheita da safra de verão e a semeadura do milho de segunda safra, permitindo melhor aproveitamento das condições climáticas do período de verão como umidade do solo e radiação solar, condições essenciais para o desenvolvimento das plantas de milho e obtenção de altas produtividades.

Hoje em 1 hectare se produz, em média no Brasil, 98 sc/ha de milho de segunda safra, mas, muitos produtores adeptos à tecnologia, que manejam corretamente a cultura e, principalmente, que semeiam dentro da janela de plantio adequada, estão obtendo resultados acima de 160 sc/ha.

Desta forma, muitos agricultores têm buscado aplicar mais tecnologia e investir significativamente na segunda safra, pois ela tem se tornado a cada ano, mais importante para a renda da propriedade rural.

Além da produção dos grãos, a cultura traz inúmeros benefícios agronômicos, como por exemplo, o incremento de massa vegetal depositada ao solo após a colheita, que ajuda na conservação do solo, aumentando a atividade microbiana e a umidade durante o período mais seco do ano.

Quebra o ciclo de pragas, doenças e plantas daninhas presentes na área, reduzindo os custos com o controle bem como auxilia na ciclagem, manutenção e disponibilidade dos nutrientes no sistema solo-planta o que também representa benefícios econômicos ao produtor.

E o que mais precisamos saber sobre o milho safrinha?

Hoje, o nível tecnológico usado nas principais regiões produtoras de milho de segunda safra é semelhante ao utilizado na primeira safra, com o uso de cultivares mais precoces de milho, devido à probabilidade déficit hídrico e geadas no final do ciclo da cultura.

Pela mesma razão, a densidade de plantio normalmente é menor: geralmente ela é cerca de 20% menor do que na primeira safra.

A época de plantio é o principal fator determinante do nível tecnológico conseguido pelo milho de segunda safra, pois à medida em que se atrasa o plantio, há uma acentuada queda no potencial produtivo e um aumento substancial do risco de perda total ou parcial da lavoura.

O controle de pragas e de doenças pode ser maior na segunda safra porque os problemas ocasionados geralmente são mais sérios. Em contrapartida, o controle de plantas daninhas normalmente é mais fácil com custos menores.

Em relação ao manejo de solo é impressindível a manutenção do sistema de plantio direto com adequada cobertura da superfície do solo, a qual permitirá maior disponibilidade de água para a cultura.

Realizar uma adubação equilibrada, contando com parte dos nutrientes deixados pela cultura antecessora, principalmente o nitrogênio (N) e potássio (K) e aplicar uma dose adequada de fósforo (P) na semeadura para um maior arranque inicial e o enxofre (S) para um enchimento de grão mais eficiente.

Gustavo Dalto e Equipe de Serviços Técnicos

Fontes:
Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG) www.cnpms.embrapa.br
Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) www.conab.gov.br

 

 

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