A eficiência das adubações é um tema extremamente importante e relevante na Nutrição de Plantas. Não é correto considerar que apenas a quantidade de nutrientes aportada para as culturas pelas adubações é determinante para o sucesso das lavouras. Variáveis como: a localização, a forma em que o nutriente se encontra no solo, bem como interações com outros nutrientes, podem interferir no como e quando estes são absorvidos e utilizados pelas plantas.
É importante entender que mesmo com todos os esforços e recursos investidos em novos manejos e produtos, os princípios que norteiam o comportamento de cada nutriente no solo e na planta não se alteram. A ciência e tecnologia podem e têm melhorado o uso dos fertilizantes, mas dificilmente criarão reações químicas diferentes das que ocorrem há milhões de anos nos solos. O foco de trabalho, na grande maioria dos casos, é encontrar maneiras de reduzir as reações indesejadas e que têm relação com processos de perdas dos nutrientes como: a volatilização (perda pela formação de gases), lixiviação (perda para camada além do alcance das raízes das plantas) ou mesmo fixação (redução da disponibilidade de nutrientes devido à fixação em argilas ou outros minerais).
É o caso, por exemplo, da conceituada “Lei de Liebig” que diz que o desenvolvimento de uma planta ficará limitado ao nutriente que estiver em menor quantidade em relação à necessidade da planta. Ou seja, nem sempre aumentarmos a quantidade de um nutriente isolado fará com que tenhamos resultados positivos, visto que existem interações importantes entre os nutrientes. Para ilustrar estes conceitos, observe o gráfico da Figura 1 a seguir.
Em um experimento com adubação em milho foram testadas 5 doses de nitrogênio (0, 67, 135, 200 e 270 kg/ha N) e 4 doses de potássio (0, 54, 108 e 162 kg/ha K2O). Destacamos as duas curvas mais extremas nas cores vermelha e laranja para efeito de ilustração da interação entre nutrientes.
A curva em cor vermelha foi obtida pelo ajuste de 5 doses de nitrogênio sem a aplicação de potássio. Note que até a dose de 135 kg/ha de N há incrementos de produtividade crescentes mas que, a partir da dose de 200 kg/ha de N, a produtividade reduz a níveis muito próximos do tratamento sem adubação (0 kg/ha de N e de K2O). É provável que o teor de potássio no solo fosse suficiente para produtividades próximas a 5,0 t/ha mas que, conforme as doses de N foram aumentando, este nutriente não mais estava sendo utilizado pela planta para seu desenvolvimento. Considerando que houve um acentuado decréscimo de produtividade é possível até que o N absorvido tenha causado desbalanços na planta a ponto de gerar sintomas de toxidez.
Comparativamente, a linha laranja foi obtida pelo ajuste das mesmas doses de nitrogênio, mas agora com a aplicação de 162 kg/ha de K2O. Note que o primeiro ponto da curva é a dose de 162 kg/ha de K2O sem aplicação de nitrogênio e que, mesmo com esta alta dose de potássio, ela não diferiu do primeiro ponto da curva vermelha (0 kg/ha de N e de K2O), demonstrando que provavelmente para esta produtividade, o potássio não era um nutriente limitante. Entretanto, conforme as doses de nitrogênio vão aumentando, há um incremento de produtividade muito superior ao tratamento sem potássio chegando às maiores produtividades alcançadas no experimento (próximo a 9,0 t/ha de milho).
Este trabalho é um dos exemplos práticos que mostram que a eficiência das adubações é incrementada quando os nutrientes são colocados de forma balanceada. E, sem dúvida, esta é a palavra que define o melhor uso de nutrientes: balanço.
A adoção e utilização de práticas de simples execução como uma coleta de uma amostra de solo para análise e determinação das propriedades químicas e físicas é, sem dúvida, um dos primeiros passos para entendimento da necessidade de balanceamento das adubações. A partir do momento em que conhecemos as quantidades de nutrientes presentes no solo e também as necessidades destes pelas plantas cultivadas, definir a necessidade de adubação desta cultura fica muito mais objetiva.
Mas não podemos esquecer que no final da linha, quem vai ter que encontrar e absorver os nutrientes são as plantas. E da mesma forma com que diversos processos ocorrem no solo alterando a forma dos nutrientes e sua disponibilidade, há também vias diferentes de entrada dos nutrientes nas plantas e efeitos que interferem em como cada nutriente será absorvido.
Na segunda parte deste artigo, veremos alguns efeitos interessantes que ocorrem entre nutrientes e como estes impactam na forma com que devemos pensar as doses e fontes fertilizantes nas adubações.