Descubra como a cobertura do solo é essencial na agricultura

6 jul, 2023
Agrônomo Paulo Silva
- Tempo de Leitura: 6 minutos
Campo com plantação de soja com o solo coberto com palhada.

Você sabia que o manejo adequado da cobertura do solo traz benefícios ambientais, econômicos e agronômicos significativos para o sistema produtivo? Para fornecer um pouco de contexto para essa pergunta, nos parágrafos seguintes abordaremos a importância da proteção do solo, a influência da vegetação sobre o solo e mais detalhes sobre o tema. Confira!

A cada ano que passa, observa-se o aumento da demanda por alimentos no mundo. Para que se tenha uma produção rentável, é importante que os recursos naturais sejam utilizados de maneira efetiva e consciente, visando garantir a produtividade agrícola e a qualidade ambiental para as futuras gerações.

A vida na Terra está fortemente ligada ao solo, e devido a isso, a sua proteção é fundamental. Esse cuidado, principalmente nas camadas superficiais, tende a garantir ocorrência dos processos biológicos e suas inter-relações, interferindo também nas características físicas e químicas do solo.

Outro ponto relevante no sistema é a vegetação que teremos sobre o solo, pois dependendo dos fatores climáticos, edafológicos e bióticos haverá diferentes processos que poderão acontecer.

Um outro papel importante da vegetação é que ela impacta diretamente na estabilização dos ambientes, protegendo o solo dos processos erosivos, facilitando a distribuição, infiltração e acúmulo das águas pluviais e impactando nas condições climáticas do ambiente.

Sendo assim, essa vegetação, pode ser utilizada para proteger o solo dos fatores climáticos e proporcionar uma melhor condição para o crescimento das suas plantas, trabalhando com uma cobertura do solo. Neste artigo, você entenderá sobre a essencialidade da cobertura do solo para agricultura. Boa leitura!

Mas afinal, o que é a cobertura do solo?

Existem algumas definições, como esta do dicionário que diz que a cobertura do solo são densas plantas e arbustos herbáceos baixos que crescem sobre a superfície do solo, em uma floresta, prevenindo a erosão do solo ou, em um jardim, inibindo o crescimento de plantas invasoras Porém sobre o solo temos muito mais que isso. Tudo o que cobre o solo é classificado como cobertura do solo.

Trazendo uma definição mais completa, podemos dizer que a cobertura do solo é a camada física sobre o solo, que pode ser uma vegetação natural, plantada e construções humanas, que revestem a superfície terrestre.

Para o Agro, quando é falado sobre cobertura do solo, logo se faz a ligação com a cobertura vegetal, que nada mais é do que formas ou tipos de vegetações de origem plantada ou naturais que cobrem uma determinada área, visando trazer uma maior proteção para o sistema produtivo ou meio ambiente. Dessa forma, o entendimento entre a interação do solo e a vegetação que cobre esse solo é fundamental para a rentabilidade e produtividade da área.

Qual a importância da cobertura do solo?

A cobertura vegetal é fundamental para a conservação do solo e da água, podendo também diminuir os impactos causados pela erosão eólica. O grande trunfo é a proteção exercida na superfície do solo, oferecendo uma resistência para a energia das gotas de chuva, facilitando a infiltração de água e a estabilização da movimentação das partículas no solo.

Outro benefício fantástico ocasionado pelo uso da cobertura vegetal é o aumento gradativo da matéria orgânica do solo, trazendo maior estabilização dos agregados do solo e das atividades biológicas, colaborando fortemente com as frações físicas, químicas e biológicas do solo.

Uma vez que o sistema esteja equilibrado, observa-se também o impacto positivo na saúde do solo, que é a capacidade do solo de continuamente funcionar como um sistema vital vivo, sustentando a produtividade biológica, mantendo ou melhorando a qualidade do ar e da água para promover a saúde de plantas, animais e humanos. Dessa forma, a atividade biológica pode estabilizar os agregados do solo com raízes, limos e hifas fúngicas e criar poros no solo, melhorando a disponibilidade de assimilados para a cultura comercial, promovendo uma maior nutrição para as plantas do sistema.

Além disso, a intensificação do manejo pode resultar em um maior crescimento da planta e atividade biológica. No entanto, é preciso ter cuidado, pois níveis mais altos de fosfato em comparação com o adequado podem diminuir o crescimento de raízes finas e fungos micorrízicos simbióticos que estão envolvidos com as raízes. Ademais, também se observa um maior controle das plantas invasoras, o que leva à diminuição da biomassa total ao longo do ano.

Porém para que se tenha a máxima eficiência que a cobertura do solo pode proporcionar, é necessário se atentar à alguns detalhes:

  • O uso da cobertura de vegetal é recomendado quando se tem uma área com baixa cobertura vegetal, deve manejar a tecnologia próximo à superfície do solo, nas épocas que antecedem à semeadura; 
  • A cobertura de plantas mortas também pode ajudar, pois vai proteger o solo contra adversidades climáticas, como por exemplo: estresse hídrico, geadas e volatilização.

Como visto nessa parte, a cobertura vegetal é muito importante para todos os processos, implantando fortemente na saúde do solo e no equilíbrio das frações químicas, físicas e biológicas do solo.

Quais os tipos de cobertura do solo?

Existem diversas plantas que podem ser usadas como cobertura do solo, a escolha vai depender das propriedades e características que você desejar controlar ou inserir no seu sistema.

São adicionados os seguintes grupos de plantas: gramíneas, leguminosas e não leguminosas. De maneira geral, observa-se a combinação de várias funções ao mesmo tempo, que auxiliam na prevenção da erosão, melhoria da qualidade do solo, melhor rendimento para a pastagem, uso dos recursos hídricos, entre outros.

As gramíneas são cereais de ciclos anuais (trigo, centeio, trigo, milho, cevada, aveia, etc.) que deixam resíduos facilmente gerenciados. Os sistemas de raízes fibrosas apresentam robustez e oferecem proteção contra a erosão. Em relação aos nutrientes, eles acumulam nitrogênio no solo a partir da simbiose com Azospirillum, mas não possuem a propriedade para fixar nitrogênio atmosférico.

As leguminosas são conhecidas como as principais plantas de cobertura do solo que fixam nitrogênio. Seu poderoso sistema radicular ajuda na compactação indesejada da superfície quando as plantas se desenvolvem. Além disso, quanto maior a planta, mais nitrogênio ela pode fixar. Exemplos de leguminosas são: trevo vermelho e branco, vaqueiras, alfafa, vetch peludo, fava.

As plantas não leguminosas de folhas largas absorvem o nitrogênio do solo, mantêm o solo no lugar e servem como adubo verde. Elas não requerem uma etapa adicional, geralmente morrendo durante invernos severos. Contudo, as plantas não pertencentes à família das leguminosas, como as usadas para cobrir o solo no outono, precisam ser manuseadas antes do plantio de sementes, para fins de controle de identidade. Este tipo está incluso os rabanetes, forragens, nabos, mostardas, entre outros.

A combinação de vegetação de cobertura consiste na junção de variedades de gramíneas, vegetais da família Brassicaceae e leguminosas, e pode proporcionar benefícios significativos ao cultivo de plantas subsequentes. Geralmente são utilizadas na entressafra para melhorar a qualidade do solo, trazendo diversos benefícios para a fazenda do produtor, por meio da maior diversidade de biomassa vegetal e melhorias em diversos atributos do solo.

Qual a melhor cobertura de solo?

A melhor cobertura do solo será aquela que trouxer plantas mais adaptadas à sua região e que sejam produtivas, causando os efeitos benéficos que esse manejo pode proporcionar na área. A análise periódica do solo é fundamental, pois proporciona o conhecimento das deficiências do solo, possibilitando a indicação da melhor planta de cobertura para aumentar a saúde do solo. Logo abaixo vamos listar alguns pontos importantes para a escolha da melhor cobertura do solo:

  • Necessidades da cultura comercial: as culturas comerciais que são colocadas após as plantas de cobertura, apresentam diferentes necessidades para o seu desenvolvimento. Geralmente, as gramíneas necessitam de uma grande quantidade de nitrogênio, nesse caso aconselha-se usar alguma leguminosa, pois tem-se a fixação natural do nitrogênio;
  • Produção de fitomassa: em solos com teores baixos de matéria orgânica, sugere-se utilizar plantas de cobertura que fixam em menor tempo, a maior quantidade de carbono e que tenham raízes profundas, agressivas e muita massa seca, como por exemplo o milheto, o Capim-sudão, a braquiária, o nabo forrageiro ou o tremoço;
  • Características da planta de cobertura: entender o impacto da planta de cobertura no sistema de produção é fundamental, pois as características como a velocidade de crescimento inicial, eficiência na cobertura do solo, habilidade de reciclagem de nutrientes, raízes profundas e bem formadas, alta produção de fitomassa, tolerância à seca, tolerância ao frio intenso, baixa incidência de infestação por pragas e doenças, tolerância à baixa fertilidade, capacidade de adaptação a solos degradados e não ter comportamento de invasora, auxiliarão nas tomadas de decisões, favorecendo o efeito positivo deste manejo;
  • Época de semeadura: há plantas de cobertura mais adequadas para o plantio durante a estação de verão (semeadas de meados de setembro até dezembro, quando não há possibilidade de ocorrer geada, e o período pode se prolongar até o término do verão). Por outro lado, existem outras plantas indicadas para o inverno (semeadas a partir do final do verão, em março, até o início do inverno em junho). Apesar dessa nomenclatura, essa classificação ocorre somente para identificar as espécies, sendo que a época de plantio acontece quando o solo não está com nenhuma cultura comercial, impactada diretamente pela janela de plantio;
  • Capacidade de manejo: outro ponto importante é que o produtor tenha condições de manejar a planta de cobertura da maneira correta. Para as plantas que produzem muita massa seca, é necessário ter equipamentos que consigam acamar esse material para a implementação da próxima cultura. Outro ponto importante é que se tenha a disponibilidade de sementes em quantidade suficiente para aumentar a área de cultivo, garantindo a homogeneidade do manejo adotado na área.

Como observamos neste texto, a cobertura do solo é muito importante, pois os seu manejo trará melhorias para todo o sistema produtivo, impactando diretamente na saúde do solo e trazendo melhores características de desenvolvimento para as culturas comerciais que são cultivadas, após as plantas de cobertura.

Para que você tenha melhores resultados e um manejo mais assertivo, aconselha-se a orientação de um especialista, pois assim você receberá as melhores soluções, que poderão trazer melhores rendimentos para o seu sistema produtivo. Conheça mais a fundo o seu solo e saiba como gerar mais produtividade e rentabilidade na sua lavoura! Baixe agora nosso guia Meu solo Mosaic.

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