O molibdênio é essencial para as plantas uma vez que ajuda na absorção e fixação biológica de nitrogênio. Continue a leitura para saber mais sobre como ele atua na lavoura e como combater eventuais deficiências.
O que é o molibdênio e por que ele é indispensável na agricultura
O molibdênio é um micronutriente de origem rochosa e pode ser encontrado em culturas como: soja, feijão, lentilha, ervilha, milho, arroz, couve, brócolis etc. Além disso, ele também está presente na carne e no leite, pois os animais que produzem esses alimentos consomem plantas que contêm esse micronutriente.
Apesar da baixa concentração e exigência nutricional de molibdênio pelas plantas, sua presença é indispensável porque ele desempenha várias funções como:
- Produzir as molibdoenzimas que, entre outras funções, regulam a nutrição do nitrogênio;
- Atuar na redutase do nitrato;
- Ativar a nitrogenase, enzima atuante na fixação biológica de nitrogênio.
Assim, vale salientar que leguminosas como a soja são especialmente exigentes em molibdênio, apresentando concentrações dez vezes maiores nos nódulos do que na planta. Durante o ciclo de absorção desse micronutriente pela soja, observa-se que até os 30 dias a planta absorve pouco molibdênio, mas entre 60 e 90 dias a absorção aumenta e se mantém linear até o fim do ciclo, de 120 dias.
Deficiência de molibdênio nas plantas: sintomas e consequências
A deficiência de molibdênio pode ter um impacto significativo na produção agrícola, afetando diretamente o crescimento e a saúde das plantas. Sem molibdênio, as plantas não conseguem utilizar plenamente o nitrogênio disponível, mesmo que ele esteja presente em quantidades adequadas no solo.
Assim, os sintomas da deficiência de molibdênio incluem clorose, que é o amarelecimento das folhas, especialmente nas folhas mais velhas, devido à falta de clorofila. As plantas também podem apresentar necrose, com áreas mortas nas bordas e entre as nervuras das folhas, que se tornam marrons e secas.
Além disso, o crescimento das plantas fica atrofiado, resultando em menor desenvolvimento geral. As folhas podem apresentar deformações, como o enrolamento das bordas, e há uma redução na formação de grãos e frutos, afetando diretamente a produtividade.
Em culturas como milho e soja, a deficiência de molibdênio pode resultar em menor crescimento e desenvolvimento das plantas. No milho, por exemplo, a falta de molibdênio pode levar a uma redução no diâmetro das espigas, menor número de fileiras de grãos por espiga e menor massa dos grãos. Já na soja, a deficiência pode causar uma redução significativa na produtividade, com estudos mostrando aumentos de produtividade de até 36% quando o molibdênio é adequadamente fornecido.
Além disso, a deficiência de molibdênio pode ser confundida com a deficiência de nitrogênio, já que ambos apresentam sintomas semelhantes, como clorose e crescimento atrofiado. Isso pode levar a diagnósticos errados e a uma correção inadequada da nutrição das plantas. Por isso, para diferenciar corretamente essas deficiências, é essencial realizar uma análise do solo e dos tecidos das plantas.
A análise do solo e de seu pH pode determinar os níveis de molibdênio e nitrogênio disponíveis, enquanto a análise foliar será responsável por identificar a concentração desses nutrientes nas plantas. A interpretação conjunta dessas análises permite um diagnóstico preciso e a aplicação de medidas corretivas adequadas.
Como aumentar a disponibilidade de molibdênio no solo e nas plantas?
A disponibilidade de molibdênio no solo está diretamente ligada ao seu nível de acidez. Solos muito ácidos, como os encontrados no Brasil, apresentam baixa disponibilidade do nutriente, que pode ser corrigida através da calagem.
A calagem, que consiste na aplicação de calcário ao solo para aumentar o pH, é crucial porque segundo estudos a disponibilidade de molibdênio aumenta significativamente em solos com pH mais alto, podendo aumentar até 100 vezes com a alteração de cada unidade do pH.
Além de neutralizar a acidez, a calagem reduz a toxicidade do alumínio e aumenta a disponibilidade de outros nutrientes essenciais, como fósforo, cálcio e magnésio, importantes para o crescimento saudável das plantas.
Além da calagem, outras práticas podem ser adotadas para aumentar a disponibilidade de molibdênio no solo. A adubação com molibdênio é uma delas, envolvendo a aplicação de fertilizantes que contenham o nutriente em sua composição, diretamente no solo ou nas folhas das plantas.
A rotação de culturas que incluem leguminosas também podem ajudar a aumentar a disponibilidade de molibdênio no solo pois, como dito anteriormente, essas plantas têm uma maior demanda por esse micronutriente e podem melhorar a sua ciclagem no solo.
Por fim, ao focarmos especificamente na soja, além da calagem, o tratamento das sementes com molibdênio e cobalto durante a semeadura pode ser eficaz na correção e prevenção da deficiência desse nutriente. Esse tratamento é ainda mais eficiente quando combinado com outras práticas de manejo adequadas, como a inoculação de sementes com bactérias do gênero Bradyrhizobium, a escolha de variedades adaptadas, o controle de pragas e doenças, e a adoção de boas práticas agrícolas.