A soja é uma das mais importantes culturas na economia mundial. De acordo com dados do USDA, a produtividade global de soja na safra 2018/19 chegou a incríveis 362,075 milhões de toneladas em uma área plantada de 125,691 milhões de hectare. Seus grãos, muito usados pela agroindústria (produção de óleo vegetal e rações para alimentação animal), indústria química e de alimentos, movimentam a economia mundial. Para o Brasil, a soja hoje representa a principal cultura do agronegócio brasileiro, com cerca de 114,843 milhões de toneladas produzidas em uma área plantada de 35,822 milhões de hectares (Conab, junho 2019). Porém, os impactos proporcionados pela cultura da soja no Brasil vão além dos indicativos econômicos, atingindo inclusive aspectos culturais e sociais da formação da sociedade brasileira.
Mas como tudo isso começou?
A soja teve origem e domesticação no nordeste da Ásia, região próxima ao rio Yangtse, na China. Sua disseminação do Oriente para o Ocidente ocorreu através das grandes navegações durante o século XVII, sendo utilizada como moeda de troca pelos comerciantes. Na américa, a soja começou a ser cultivada nos Estados Unidos da América por volta do ano 1890, onde era considerada uma cultura forrageira. No Brasil, a primeira referência sobre o surgimento da soja é de 1882, no estado da Bahia, em relato de Gustavo D’utra e mais tarde, imigrantes japoneses teriam levado a soja para São Paulo. Entretanto, oficialmente, a cultura foi introduzida no Brasil no Rio Grande do Sul em 1914, sendo este por fim, o lugar onde as variedades trazidas dos Estados Unidos, melhor se adaptaram às condições edafoclimáticas, principalmente em relação ao fotoperíodo. Com a implantação de programas de melhoramento, surgiram as primeiras cultivares brasileiras, originadas através de cruzamento em material introduzido principalmente do Sul dos Estados Unidos.
Com o passar dos anos, em meados dos anos 70, devido a explosão do preço da soja no mercado mundial, houve um aumento no interesse pela cultura, o qual proporcionava aumento na rentabilidade aos produtores. Como consequencia, uma revolução socioeconômica e tecnológica protagonizada pela soja no Brasil Moderno ocorre no país, sendo inclusive comparada ao fenômeno ocorrido com o ciclo da cana-de-açúcar, da borracha e do café, que, em distintos períodos dos séculos XVII a XX, comandaram o comércio exterior do País. A grande oportunidade e vantagem competitiva em relação aos outros países produtores de soja, beneficiavam o Brasil devido ao escoamento da safra durante a entresafra americana, onde os preços atigem as maiores cotações. Desde então, o país passou a investir em tecnologia para adaptação da cultura às condições brasileiras, processo liderado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária.
O surpreendente crescimento que a cultura da soja teve nos últimos 47 anos, elevando-se a produtividade em cerca de 262 vezes, fez do Brasil hoje o segundo maior produtor de soja no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos (por enquanto). As novas previsões para a safra 2019/20, já apontam o Brasil como maior produtor de soja no mundo, superando os EUA. Socialmente, o cultivo da soja despertou o interesse na colonização de regiões brasileiras antes inabitadas. Milhares de produtores de soja da região sul do Brasil migraram para o despovoado e desvalorizado Cerrado brasileiro, em busca de amplas terras com baixo custo, levando desenvolvimento e promovendo a implantação de uma nova cultura na região central do País.
Diante de toda essa cadeia de mudanças que o cultivo da soja proporcionou, sem precedentes na história da agricultura brasileira, só basta agradecermos. Obrigado soja!
Garanta resultados para a sua lavoura desde a aplicação até a colheita, para saber mais detalhes, clique em ‘Saiba mais’.
Fernando Hansel
https://www.embrapa.br/soja/cultivos/soja1/historia
https://www.embrapa.br/soja/cultivos/soja1/dados-economicos
Freitas, M.C.M. A Cultura Da Soja No Brasil: O Crescimento Da Produção Brasileira e o Surgimento De Uma Nova Fronteira Agrícola. Enciclopédia Biosfera, Centro Científico Conhecer – Goiânia, vol.7, N.12; 2011