O fósforo é um macronutriente que a cana-de-açúcar necessita em menor quantidade quando comparado aos demais macronutrientes. Ele exerce função chave no metabolismo da planta, particularmente na formação de proteínas, pois compõe a estrutura das moléculas de ATP e ADP. O fósforo também atua na constituição de fosfolipídios e moléculas de DNA e RNA, ou seja, participa do processo de divisão celular, fotossíntese, armazenamento de energia, desdobramento de açúcares, respiração, fornecimento de energia a partir da ATP e formação de sacarose (Korndorfer, 2004). Devido a grande expansão da cultura da cana-de-açúcar em áreas de pastagens, encontrando ambientes com fertilidade desequilibrada, é necessário entender todo o manejo nutricional para que se tenha um planejamento nutricional eficiente a fim de equilibrar os nutrientes no sistema solo x planta e em especial o fósforo. Devido à adubação fosfatada ser reconhecida como uma prática eficaz para elevar a produtividade dos canaviais, principalmente nos solos brasileiros, que são pobres neste elemento.
O fósforo é considerado um elemento que apresenta pouca mobilidade no solo (em torno de 1 mm/safra), porém na planta é altamente móvel, sendo translocado de folhas velhas para mais novas. O fósforo é absorvido na forma de ortofosfato (HPO42- ou H2PO41-). O pH do solo é outro fator muito importante para determinar a forma como o ortofosfato vai ser absorvido:
Condições alcalinas > HPO42Condições ácidas > H2PO41-
94% da absorção de fósforo é feita por difusão, 4% por fluxo de massa e 2% por interceptação radicular. A quantidade de micorrizas, caracterizada pelo tamanho e densidade de raízes, tem grande importância na absorção de P.
A adubação da cana-de-açúcar pode variar em função da fase da cultura, se é cana-planta ou cana-soca, visto que a adubação fosfatada ocorre em diferentes momentos da cultura. Vamos aos manejos que nos permitem adicionar fósforo ao sistema solo x planta:
Fosfatagem – prática de caráter corretivo com objetivo de elevar o teor de P, potencializando a adubação fosfatada de plantio. Por promover o maior desenvolvimento radicular e devido à relação de compatibilização N/P, a prática da fosfatagem proporciona maior desempenho da adubação nitrogenada em soqueira (Novais, 1999). Com a prática da fosfatagem temos maiores volumes de P em contato com o solo, mas também proporcionamos maior fixação de P nos colóides do solo.
Adubação Cana-Planta – a adubação de plantio é realizada em função dos teores de P e K da análise de solo, seguindo as formulações N-P-K, tendo baixa quantidade de nitrogênio e alta quantidade de P2O5 e K2O. No sulco de plantio, é aplicada a dose para suprir a demanda de fósforo para todo o ciclo da cultura, porém como a eficiência do fosfato é baixa, e encontrando ambientes que apresentem baixor teor de P no solo, torna-se necessária a reposição de fósforo em soqueira. As doses a serem praticadas em cana-planta são 100 a 150 Kg P2O5/ha.
Adubação Cana-Soca – a adubação de soqueira é realizada em função do nitrogênio. A dose de N a ser aplicada geralmente segue na proporção de 1 Kg N/ton colmo esperada. A relação Nitrogênio-Potássio para soqueira varia de 1:1 a 1:1,5 e dependendo da forma de colheita (crua ou mecanizada) pode variar esta relação, diminuindo o N na proporção. Adubação fosfatada em soqueira será necessária quando o teor de P no solo e as condições de acidez forem satisfatórias, com V% > 50% e quando os teores de P no solo forem abaixo de 15 mg.dm3. Trabalhando a tabela de extração e exportação temos como via de regra não utilizar a reserva do solo, sendo necessário suprir o fósforo para atender a demanda da cana-de-açúcar. As doses de P aplicadas em soqueira variam entre 22 a 30 Kg P2O5/ha.
Segue abaixo para interpretação a tabela de Extração e exportação para cana-de-açúcar e também a Tabela Quantitativa do teor de P no solo.
Tabela – Extração e Exportação para produção de 100 TCH
Fonte: Malavolta
Tabela – Análise do Solo
Fonte: Raijet al. (1996)
10 mg.dm3 P = 46 Kg/ha de P2O5
1 mmol.dm3 K = 96 Kg/ha de K2O