O potássio é o nutriente mais absorvido pela cana-de-açúcar durante seu desenvolvimento. Para produzir 120 TCH, uma lavoura de cana absorve aproximadamente 370 kg de K2O por ha. Isso é quase 4 vezes superior à necessidade de nitrogênio e quase 5 vezes superior à de fósforo (Oliveira, et al., 2010).
Existem várias formas de fornecer este nutriente para a cana. A mais comum é via cloreto de potássio (KCl), que é um sal extraído de minas de grandes profundidades ou então de águas muito salinas. Por ser um sal, o KCl tem como característica um índice salino de 116, o mais alto entre os fertilizantes mais comuns (ANDA, 1998).
A elevada salinidade faz com que este fertilizante tenha alta higroscopicidade – capacidade de absorver (e competir por) água. Desta forma, o KCl absorve a água que está a sua volta até a sua saturação total e faz isso com muita força e “competência”.
Sendo assim, quando o KCl é aplicado na linha de plantio, próximo às raízes das plantas, ele compete por água com o solo e com as raízes causando a desidratação e morte das raízes. Quanto maior a dose de KCl próximo às raízes das plantas, maior o dano causado por este fertilizante ao sistema radicular das culturas.
Por outro lado, o KCl é um fertilizante de alta solubilidade e o potássio é um nutriente móvel no solo (Neves, et al., 2009). Estas características permitem que o KCl seja aplicado em cobertura e mesmo assim, será absorvido pelas plantas. A aplicação total ou parcial do potássio em cobertura depende do manejo do teor de K no solo. Para avaliar este efeito, muitas pesquisas têm sido desenvolvidas em diversas culturas agrícolas comparando a aplicação total e/ou parcial do KCl em cobertura com a aplicação total deste fertilizante na linha de plantio.
Na cana não é diferente. Um dos exemplos foi a pesquisa realizada pela Mosaic Fertilizantes em um trabalho conjunto com o professor Dr. Marcelo Silva da UNESP de Botucatu. Foram realizadas avaliações de componentes de produtividade em dois ambientes (A e C) utilizando no plantio diferentes relações entre a dose de P2O5 e K2O aplicada. Dessa forma, alguns tratamentos receberam todo o K2O aplicado na linha de plantio e outros, parte na linha e parte no quebra-lombo. Assim, as doses de N, P2O5 e K2O de todos os tratamentos foram a mesma.
Os resutados obtidos nos dois ambientes indicam que à medida que doses mais elevadas de K2O são aplicadas na linha de plantio, há mais falhas, menos perfilhos e menor produtividade.O ganho em produtividade obtido com o parcelamento do potássio entre plantio e quebra-lombo é financeiramente viável, ou seja, o ganho em produtividade é muito superior ao custo da operação.
Citações:
ANDA – Associação Nacional para Difusão de Adubos. Os adubos e a eficiência das adubações (3º edição). 1998.
Neves, L.S.; Ernani, P.R.; Simonete, M.A. Mobilidade de potássio em solos decorrentes da adição de doses de cloreto de potássio. Revista Brasileira de Ciência do Solo, 2009.
Oliveira, E.C.; Freire, F.J.; Oliveira, R.I.; Freire, M.B.G.S.; Neto, D.E.; Silva, S.A.M. Extração e exportação de nutrientes por variedades de cana-de-açucar cultivadas sob irrigação plena. Revista Brasileira de Ciência do Solo, 2010.