Atualmente o Brasil é o maior produtor mundial de cana-de-açúcar devido as condições climáticas serem propícias para o cultivo da cultura. Para nos mantermos como líderes de produção mundial é necessário que busquemos sempre o incremento de produtividade alicerçado com a sustentabilidade. Uma opção para elevar a produtividade da lavoura é o manejo correto dos micronutrientes que torna a nutrição do canavial mais balanceada para atingir altas produtividades.
São considerados micronutrientes: Boro (B), Cloro (Cl), Cobre (Cu), Ferro (Fe), Manganês (Mn), Molibdênio (Mo), Zinco (Zn) e Níquel (Ni). Estes elementos são classificados como micronutrientes em função de sua menor quantidade extraída pela planta quando comparada aos macronutrientes. Os micronutrientes podem ser considerados:
Catiônicos: Cu2+, Fe2+, Mn2+, Zn2+, Co2+, Ni2+
Aniônicos: B(OH)3-, Cl–, MoO4-
Geralmente, os micronutrientes são encontrados nesta ordem em função do teor disponível no solo: Fe > Mn > Zn Cu > B > Mo
Com o objetivo de quantificar os teores de micronutrientes presentes no solo e tecido vegetal de cana-de-açúcar, mais de 3.000 amostras de solos e folhas foram avaliadas (Vale, et al., 2008). Foi constatado que a maioria dos canaviais apresentam deficência de Zinco e Boro abaixo do nível crítico exigido pela cultura, seja no solo ou na folha. As amostras também variavam em relação a idade do canavial, tipos de ambientes de produção canavieira e em áreas de sequeiro ou fertirrigada (vinhaça). Todas estas variações de ambiente são para expressar o maior número de representatividade de áreas cultivadas com a cultura. Segue abaixo, gráfico para demonstrar os resultados das análises:
Tabela 1. Micronutrientes que apresentam deficiência (solo e folha)
Tabela 2. Micronutrientes que apresentaram deficiência em vários ambientes (solo e folha)
De modo geral, o Zinco e o Boro são os elementos que mais apresentaram déficit para a cultura da cana-de-açúcar. A adubação com micronutrientes pode ser resumida da seguinte forma, conforme a tabela de dinâmica de micronutrientes no solo:
Tabela 3: Dinâmica de Micronutrientes no solo
Onde, quando e quanto aplicar os micronutrientes
Para realizar qualquer adubação é necessário saber o quanto a planta extrai e exporta do nutriente conforme seu teto produtivo desejado e também conhecer o que se tem de reserva no solo de determinado nutriente. Sendo assim, os micronutrientes podem ser posicionados da seguinte forma para serem fornecidos via solo:
Zinco
Devido a baixa mobilidade do elemento no solo, devemos aplicá-lo próximo ao sistema radicular, portanto em plantios comerciais de cana devemos fornecer no momento do plantio, seja na sulcação ou na cobrição do tolete. A quantidade fornecida de Zinco deve suprir a necessidade da cultura por todo o seu ciclo (aproximadamente 6 cortes). Recentemente o pesquisador do IAC Esteves Mellis reviu a recomendação de Zn para cana-de-açúcar e recomendou elevar a dose em até 10 Kg/ha para solos que possuem baixo teor do elemento, pois os trabalhos conduzidos elevaram a produtividade do canavial.
Manganês e Cobre
Por se tratar de elementos catiônicos também possuem baixíssima mobilidade no solo, é necessário aplicá-los no plantio (sulcação ou cobrição). A quantidade fornecida deverá ser a necessidade da cultura para todo o seu ciclo.
Boro
É um elemento bastante dinâmico no solo, apresentando altíssima mobilidade. Particularmente, as condições climáticas favorecem o déficit do elemento, pois se o solo está seco, limita absorção e se está úmido, o elemento é lixiviado. O ph baixo e a matéria orgânica também interferem na disponibilidade do micronutriente para as plantas. Com tantas condições adversas, o ideal é que utilizemos fontes de média solubilidade a base de Ulexicitas, pois o boro será disponibilizado gradativamente para a cultura da cana-de-açúcar. O boro deverá ser fornecido no plantio e também nas adubações de cobertura em soqueira.
Molibdênio
O Mo é um micronutriente que apresenta alta mobilidade no solo. Conforme descrito na tabela de dinâmica de micronutrientes no solo, podemos observar que 97% de sua dinâmica no solo é realizado por fluxo de massa. Diante deste fator, devemos posicionar o molibdênio em soqueira.
A utilização de micronutreintes em cana-de-açúcar promove maior enraizamento pela planta, melhor desenvolvimento vegetativo e consequentemente, maior longevidade ao canavial. O sucesso no manejo dos micronutrientes é sempre utilizar as análises de solos para quantificar o quanto há disponível e saber qual a melhor fonte a se utilizar em função da produtividade desejada.