O enxofre como agente fertilizante na linha de plantio
Por Silvano Abreu
O enxofre é o quarto nutriente mais usado pelas plantas, ficando atrás somente do nitrogênio, do fósforo e do potássio. Ele atua, entre outras coisas, na composição de dois importantes aminoácidos: cistina e metionina, que realizam a síntese de proteínas, ajudando na produção e enchimento de grãos, na produção de clorofila e na nodulação de leguminosas. Possui papel fundamental na síntese de carboidratos e o aumento na absorção de enxofre eleva também a absorção de outros nutrientes pela planta, como: nitrogênio, fósforo e zinco, essenciais para seu desenvolvimento. Por ser tão importante para seus processos metabólicos e para a produção de proteínas, desde o desenvolvimento nos estágios iniciais de crescimento até o enchimento de grãos, é necessário que a planta tenha acesso a enxofre durante todo seu ciclo.
O solo fornece enxofre para as plantas por meio de matéria orgânica que chega a representar 50% a 80% da quantidade necessária para atingir altas produtividades na maioria das culturas agrícolas. Portanto, quanto maior a concentração de matéria orgânica no solo, maior o fornecimento do nutriente. Para grandes produtividades, no entanto, é necessária a provisão de enxofre por meio de fertilizantes. Nestes produtos, o enxofre pode estar presente na forma de sulfato, elementar ou como combinação de ambos.
O enxofre sulfato, presente em vários fertilizantes, está prontamente disponível para as plantas e é a forma com que o nutriente é absorvido. Por outro lado, nesta forma o enxofre apresenta alta mobilidade no perfil do solo, passível de ser perdido por lixiviação. Estudos indicam que menos de 200mm de precipitação são suficientes para remover este elemento da camada arável do solo, onde existe a maior concentração de raízes.
Já o enxofre elementar não se perde por lixiviação, o que garante maior durabilidade, porém, depende de um processo de oxidação para estar disponível para plantas. Este processo acontece naturalmente, contudo, algumas características do solo (como condições químicas e físicas que favoreçam a atividade microbiana) e do ambiente (como altas temperaturas e umidade próxima à capacidade de campo) favorecem para que ele ocorra de forma mais eficiente. De modo geral, estas características são normais dos solos agrícolas no Brasil durante as safras das principais culturas. Já em relação ao fertilizante, quanto menor a concentração de enxofre, maior a dispersão do elemento nos grânulos do produto e quanto menor a partícula de enxofre elementar, maior é a sua oxidação. Atendendo estas condições, o fornecimento deste nutriente via aplicações de fertilizantes que contém enxofre elementar é eficiente e atende à demanda das culturas brasileiras.
O uso de enxofre elementar em fertilizantes iniciou na década de 1970, nos Estados Unidos. Como os resultados foram muito satisfatórios, houve grandes avanços tecnológicos na incorporação deste nutriente, especialmente em seu formato elementar, nestes produtos. Hoje existem aqueles que oferecem enxofre na forma de sulfato, na forma elementar e a combinação das duas formas dentro do mesmo grânulo de fertilizante.
De maneira resumida, o enxofre sulfato está disponível para uso pelas plantas de maneira imediata. Porém, como essa forma é muito móvel no solo, seu fornecimento pode ser interrompido por conta da lixiviação. Em contrapartida, como depende do processo biológico de oxidação, o enxofre elementar não está disponível logo no início do ciclo, mas seu fornecimento gradativo é garantido para o desenvolvimento da planta e o preenchimento dos grãos, já que ele não se perde por lixiviação.
Considerando suas propriedades, a combinação entre enxofre elementar e sulfato pode ser a melhor alternativa para o agricultor. Fertilizantes contendo ambas as formas fornecem o nutriente no início do ciclo, por meio do enxofre sulfato, e durante todo o ciclo, inclusive no enchimento de grãos, pelo enxofre elementar oxidado.