O enxofre (S) é um macronutriente secundário, por ser absorvido em menores quantidades que o nitrogênio (N), fósforo (P) e potássio (K). O S é o nutriente necessário para maiores rendimentos da soja. A aplicação adequada de enxofre na soja pode resultar em um aumento significativo na produtividade da colheita.
Explorando o papel vital do enxofre na soja, este artigo irá discutir a importância deste elemento para o crescimento e desenvolvimento saudável da planta.
O papel essencial do enxofre na soja
O enxofre por ser um elemento essencial, cumpre os três critérios de essencialidades, que são:
- Um componente é indispensável se a sua falta impossibilita que a planta finalize o seu ciclo vital;
- O componente não pode ser trocado por outro com características análogas;
- O componente deve ter uma participação direta no metabolismo vegetal.
Por muito tempo o enxofre foi negligenciado na agricultura e o aumento do seu consumo se deu pelo aumento de produtividade das culturas. A importância do enxofre foi reconhecida também quando a agricultura começou a se desenvolver em áreas desafiadoras, com níveis baixos de enxofre no solo e com baixos teores de matéria orgânica, como por exemplo nos solos do Cerrado.
O enxofre possui funções essenciais no metabolismo das plantas de soja e de todas as outras. Participa da síntese de proteína, sendo componente de aminoácidos, vitaminas e coenzimas, além de constituir aminoácidos como a cisteína e a metionina, que são essenciais para a estruturação das plantas e formação das proteínas.
A presença adequada do enxofre nas plantas influencia diretamente a produção de clorofila e consequentemente a taxa fotossintética, resultando em culturas mais saudáveis e bem desenvolvidas.
De forma geral, o metabolismo das culturas e sua fisiologia dependem de compostos com enxofre.
Na cultura da soja o enxofre é imprescindível, devido sua participação em diversos compostos e em inúmeras reações, no qual sua deficiência pode provocar uma série de distúrbios metabólicos.
Segundo Vitti e outros pesquisadores, a soja, por ser uma leguminosa, exige altos teores de proteínas, necessitando de quantidades ideais de enxofre principalmente no terço final do desenvolvimento da cultura, para o enchimento de grãos, além de ser importante para a formação dos nódulos e para o processo de fixação biológica de N2.
Um problema muito comum na cultura é o acamamento das plantas, que está diretamente relacionado com a deficiência de enxofre na soja, pois quando este nutriente é absorvido pela planta é rapidamente reduzido em radicais sulfidrilos e dissulfetos, nos quais, em falta podem causar o acamamento na soja. Esses radicais também aumentam a resistência da soja em baixas temperaturas e ao estresse hídrico.
Dinâmica do enxofre no metabolismo vegetal
O manejo de enxofre em solos tropicais é considerado complexo, pois a disponibilidade desse nutriente depende de alguns processos, como a mineralização da matéria orgânica, imobilização, lixiviação, adsorção, dessorção e efeitos influenciados pelas raízes das plantas.
Os fatores que controlam a disponibilidade do enxofre no solo são: disponibilidade de água, atividade microbiana, deposição atmosférica e adição de fertilizantes.
A maior proporção de enxofre no solo é encontrada na matéria orgânica (cerca de 95%) e os microrganismos presentes no solo mediam as reações de oxidação e redução para sua disponibilização.
Em solos bem arejados e drenados, o sulfato (SO42-) é encontrado com mais facilidade na solução do solo e, portanto, pode ser absorvido pelas raízes das plantas. Em solos mal drenados o enxofre predomina em forma menos oxidado precisando ser reduzido até a forma de sulfato. A Figura 1 mostra o ciclo simplificado do enxofre no solo.
As plantas absorvem enxofre principalmente na forma de íons sulfato (SO4²–), através do processo conhecido como fluxo de massa, no qual o nutriente necessita de água para chegar nas raízes.
A absorção e a translocação de SO4²- ocorrem por processos independentes, nos quais o sulfato (SO4²-) é translocado através do xilema e do floema para as folhas, sendo rapidamente incorporado nos esqueletos carbônicos.
A translocação do enxofre é restrita no floema, por isso, os sintomas são visíveis em folhas mais jovens. Após a redução e assimilação do sulfato no interior das estruturas das plantas, o enxofre participa da síntese de proteínas, sendo componente de aminoácidos, vitaminas e coenzimas, além de ser importante na composição da cisteína e da metionina.
É importante também destacar o sinergismo entre enxofre e nitrogênio, no qual a deficiência de enxofre causa menor formação de aminoácidos sulfurados e proteínas, diminuindo também a eficiência de uso do nitrogênio.
Quais os sintomas de deficiência de enxofre na soja?
O enxofre é um elemento imóvel nas plantas, portanto sua deficiência é claramente visível nas partes mais jovens das plantas, sobretudo nas folhas.
Nas plantas de soja, o sintoma mais comum é a clorose (amarelecimento) em toda a extensão do limbo, como demonstrado na Figura 2 abaixo:
Além do sintoma de amarelecimento nas estruturas mais jovens das plantas, a soja também manifesta outros sintomas com a deficiência de enxofre, como o retardamento do crescimento das folhas e dos caules, murchamento das folhas – mesmo em condições de solos drenados, redução de produção de clorofilas, necrose nas bordas das folhas, menor nodulação e impacto direto na qualidade dos frutos, como grãos menores e com baixos teores de proteínas.
O sintoma de clorose proveniente do enxofre pode ser confundido facilmente com a do nitrogênio, portanto para detectar a deficiência de enxofre, observa-se as folhas mais jovens, enquanto sintoma de clorose oriundo da falta de nitrogênio, deve ser observado em folhas mais velhas.
A identificação precoce e a correção da deficiência de enxofre são indispensáveis para promover o crescimento saudável e a produtividade esperada da lavoura. Monitorar os sintomas e realizar análise de solo para ajustar a fertilização são práticas essenciais antes da semeadura da cultura.
Doses e forma de aplicação de enxofre na soja: qual a recomendação
As doses de enxofre na soja podem variar conforme alguns fatores:
- Condições específicas de solo;
- Práticas agrícolas;
- Necessidade da cultura e de trabalhos de pesquisas regionais presentes no manual de recomendação de adubação da região.
A soja é uma cultura que necessita de enxofre em todo seu ciclo de crescimento e desenvolvimento, pois o enxofre participa de muitos processos metabólicos na planta, desde o estádio vegetativo até a formação dos grãos. Na Tabela 1 encontra-se uma estimativa da demanda nutricional da cultura da soja para uma produtividade de 80 sc/ha.
Tabela 1 – Extração e exportação de nutrientes para a cultura da soja, considerando produtividade de 80 sc/ha.
De acordo com estudos realizados pela Mosaic Fertilizantes, para cada tonelada de grãos de soja produzida em uma lavoura com produtividade média de 80 kg/ha, são exportados 19 kg e extraídos 39 kg de enxofre. Portanto, a falta de aplicação de enxofre acarretará diretamente na perda de produtividade da cultura e, consequentemente, na qualidade dos grãos.
A recomendação de enxofre é realizada com base nos resultados de análise de solo, nas tabelas de extração e exportação do nutriente pelas culturas, além da diagnose foliar, que é uma ferramenta importante no processo de identificação de deficiências.
Análise de Solo:
A análise de solo deve ser interpretada conforme o método de extração da região, que estão associados a diferentes níveis críticos ou faixas de suficiência. Para realizar uma amostragem confiável do solo, o ideal é extrair vinte amostras simples para formar uma amostra composta, deve-se escolher áreas homogêneas, com base nas características do solo como textura, histórico do cultivo e topografia. Após o recebimento da análise do solo, o resultado deve ser interpretado por um agrônomo.
As doses de enxofre recomendadas para a cultura da soja variam entre 10 e 30 kg/ha, de acordo com os Manuais do Cerrado (2002), Nepar (2019) e Boletim 100 (2022). Salienta-se que as doses dependem do teor de enxofre no solo e nível crítico considerando expectativa de produção e balanço de nutrientes (extração e exportação pela cultura).
Diagnose Foliar:
A diagnose foliar é uma prática também utilizada para avaliar o estado nutricional das plantas, incluindo teores de enxofre na soja. A amostragem deve ser realizada durante a fase vegetativa da cultura, principalmente no início da floração e o enchimento de grãos, as folhas escolhidas devem ser aquelas que não demonstram sintomas de doença e deficiência nutricional. Após o resultado da análise, o produtor pode optar em aplicar fertilizante via solo ou foliar.
Qual a fonte de enxofre aplicar para a minha soja?
Há diversas opções de fontes que contenha enxofre em sua composição, a maioria delas, são formadas por sulfato e podem ser moderadamente ou muito solúveis em água. Na tabela 2 encontram-se algumas fontes mais utilizadas na soja a base de enxofre:
Tabela 2 – Fontes que fornecem enxofre.
- Gesso agrícola: é um condicionador de solo, utilizado no preparo do solo para diminuir a atividade do íon Al3+ e aumentar os níveis de Ca na solução do solo, resultando em maior aprofundamento das raízes e maior aproveitamento dos nutrientes aplicados no solo. O gesso agrícola possui de 15 a 18% de enxofre em sua composição e é indispensável no manejo do preparo dos solos;
- Enxofre elementar: é a fonte mais duradoura de enxofre no solo, através da atividade microbiana, o enxofre elementar é oxidado e transformado em sulfato, forma prontamente disponível para a planta absorver. Possui de 80 a 100% de enxofre e pode ser obtido a partir de minérios sedimentares ou jazidas naturais de origem vulcânicas, ou então, através do gás natural e dos gases de refinarias;
- Sulfato de amônio: pode ser obtido através da reação da amônia com o ácido sulfúrico ou pode ser um subproduto da indústria de carvão mineral. O sulfato de amônio possui aproximadamente 24% de enxofre e é muito aplicado na agricultura;
- Superfosfato simples: é conhecido como SSP ou supersimples, obtido no tratamento da rocha com o ácido sulfúrico, possui 12% de enxofre em sua composição e é fonte de P e Ca também;
- Sulfato de magnésio: também conhecido como sal epsom, é fonte de magnésio e enxofre, contendo 13 % de enxofre. É obtido através da reação entre magnésio e ácido sulfúrico e possui alta solubilidade;
- Sulfato de potássio: é obtido pela reação entre o cloreto de potássio e o ácido sulfúrico, contém 18% de enxofre e atualmente essa fonte é substituída por outras, devido seu alto índice de salinidade;
- Sulfato de potássio e magnésio: possui 22% de enxofre em sua composição e é muito conhecido por ser uma fonte livre de cloro.
Apesar das fontes citadas acima possuírem enxofre em sua composição, o produtor busca garantir enxofre em todo o ciclo da cultura, por esse motivo a Mosaic Fertilizantes tem a solução ideal para nutrição da soja, após 15 anos de pesquisa e validação no Brasil, o MicroEssentials® é líder mundial em nutrição de plantas.
O MicroEssentials® é um fertilizante mineral sólido que contém nitrogênio, fósforo e enxofre no mesmo grânulo, contendo fosfato-apatita duas formas de enxofre (S), enxofre sulfato, prontamente disponível para as plantas absorverem e o enxofre elementar, que estará disponível durante todo o ciclo da cultura.
A soja é uma cultura que demanda enxofre em todo o seu ciclo de desenvolvimento. O enxofre sulfato é absorvido desde a fase inicial da cultura. No entanto, ao longo do tempo, tende a percolar para camadas mais profundas do solo. O enxofre elementar, sendo oxidado gradualmente, é capaz de fornecer S nas camadas superficiais, onde há maior concentração de raízes e nas fases reprodutivas. Portanto, isso gera um fluxo contínuo de enxofre durante todo o ciclo da soja.
Essa tecnologia de alta performance possui diversas vantagens, entre elas: alta qualidade física, garante lavouras homogêneas, maior eficiência operacional, maior segurança na aplicação, maior rendimento de máquinas e mão-de-obra e maior produtividade das culturas.