Enxofre na soja: para que serve e quanto aplicar no solo

12 jan, 2024
Agrônoma Fábia Eduarda Mantovani
- Tempo de Leitura: 8 minutos
Plantação de soja.

O enxofre (S) é um macronutriente secundário, por ser absorvido em menores quantidades que o nitrogênio (N), fósforo (P) e potássio (K). O S é o nutriente necessário para maiores rendimentos da soja. A aplicação adequada de enxofre na soja pode resultar em um aumento significativo na produtividade da colheita.

Explorando o papel vital do enxofre na soja, este artigo irá discutir a importância deste elemento para o crescimento e desenvolvimento saudável da planta.

O papel essencial do enxofre na soja

O enxofre por ser um elemento essencial, cumpre os três critérios de essencialidades, que são:

  1. Um componente é indispensável se a sua falta impossibilita que a planta finalize o seu ciclo vital;
  2. O componente não pode ser trocado por outro com características análogas;
  3. O componente deve ter uma participação direta no metabolismo vegetal.

Por muito tempo o enxofre foi negligenciado na agricultura e o aumento do seu consumo se deu pelo aumento de produtividade das culturas. A importância do enxofre foi reconhecida também quando a agricultura começou a se desenvolver em áreas desafiadoras, com níveis baixos de enxofre no solo e com baixos teores de matéria orgânica, como por exemplo nos solos do Cerrado.

O enxofre possui funções essenciais no metabolismo das plantas de soja e de todas as outras. Participa da síntese de proteína, sendo componente de aminoácidos, vitaminas e coenzimas, além de constituir aminoácidos como a cisteína e a metionina, que são essenciais para a estruturação das plantas e formação das proteínas.

A presença adequada do enxofre nas plantas influencia diretamente a produção de clorofila e consequentemente a taxa fotossintética, resultando em culturas mais saudáveis e bem desenvolvidas.

De forma geral, o metabolismo das culturas e sua fisiologia dependem de compostos com enxofre.

Na cultura da soja o enxofre é imprescindível, devido sua participação em diversos compostos e em inúmeras reações, no qual sua deficiência pode provocar uma série de distúrbios metabólicos.

Segundo Vitti e outros pesquisadores, a soja, por ser uma leguminosa, exige altos teores de proteínas, necessitando de quantidades ideais de enxofre principalmente no terço final do desenvolvimento da cultura, para o enchimento de grãos, além de ser importante para a formação dos nódulos e para o processo de fixação biológica de N2.

Um problema muito comum na cultura é o acamamento das plantas, que está diretamente relacionado com a deficiência de enxofre na soja, pois quando este nutriente é absorvido pela planta é rapidamente reduzido em radicais sulfidrilos e dissulfetos, nos quais, em falta podem causar o acamamento na soja. Esses radicais também aumentam a resistência da soja em baixas temperaturas e ao estresse hídrico.

Dinâmica do enxofre no metabolismo vegetal

O manejo de enxofre em solos tropicais é considerado complexo, pois a disponibilidade desse nutriente depende de alguns processos, como a mineralização da matéria orgânica, imobilização, lixiviação, adsorção, dessorção e efeitos influenciados pelas raízes das plantas.

Os fatores que controlam a disponibilidade do enxofre no solo são: disponibilidade de água, atividade microbiana, deposição atmosférica e adição de fertilizantes.

A maior proporção de enxofre no solo é encontrada na matéria orgânica (cerca de 95%) e os microrganismos presentes no solo mediam as reações de oxidação e redução para sua disponibilização.

Em solos bem arejados e drenados, o sulfato (SO42-) é encontrado com mais facilidade na solução do solo e, portanto, pode ser absorvido pelas raízes das plantas. Em solos mal drenados o enxofre predomina em forma menos oxidado precisando ser reduzido até a forma de sulfato. A Figura 1 mostra o ciclo simplificado do enxofre no solo.

Esquema que mostra o ciclo do enxofre no solo.

Figura 1: Ciclo simplificado do enxofre (S) no solo. Adaptado de Vitti et al (2015) – Manejo do enxofre na agricultura. Informações agronômicas, nº 152, dezembro/2015.

As plantas absorvem enxofre principalmente na forma de íons sulfato (SO4²), através do processo conhecido como fluxo de massa, no qual o nutriente necessita de água para chegar nas raízes.

A absorção e a translocação de SO4²- ocorrem por processos independentes, nos quais o sulfato (SO4²-) é translocado através do xilema e do floema para as folhas, sendo rapidamente incorporado nos esqueletos carbônicos.

A translocação do enxofre é restrita no floema, por isso, os sintomas são visíveis em folhas mais jovens. Após a redução e assimilação do sulfato no interior das estruturas das plantas, o enxofre participa da síntese de proteínas, sendo componente de aminoácidos, vitaminas e coenzimas, além de ser importante na composição da cisteína e da metionina.

É importante também destacar o sinergismo entre enxofre e nitrogênio, no qual a deficiência de enxofre causa menor formação de aminoácidos sulfurados e proteínas, diminuindo também a eficiência de uso do nitrogênio.

Quais os sintomas de deficiência de enxofre na soja?

O enxofre é um elemento imóvel nas plantas, portanto sua deficiência é claramente visível nas partes mais jovens das plantas, sobretudo nas folhas.

Nas plantas de soja, o sintoma mais comum é a clorose (amarelecimento) em toda a extensão do limbo, como demonstrado na Figura 2 abaixo:

Plantação de soja com deficiência de enxofre.

Figura 2: Clorose proveniente da deficiência de enxofre (S) na soja (International Plant Nutrition Institute, 2017).

Além do sintoma de amarelecimento nas estruturas mais jovens das plantas, a soja também manifesta outros sintomas com a deficiência de enxofre, como o retardamento do crescimento das folhas e dos caules, murchamento das folhas – mesmo em condições de solos drenados, redução de produção de clorofilas, necrose nas bordas das folhas, menor nodulação e impacto direto na qualidade dos frutos, como grãos menores e com baixos teores de proteínas.

O sintoma de clorose proveniente do enxofre pode ser confundido facilmente com a do nitrogênio, portanto para detectar a deficiência de enxofre, observa-se as folhas mais jovens, enquanto sintoma de clorose oriundo da falta de nitrogênio, deve ser observado em folhas mais velhas.

A identificação precoce e a correção da deficiência de enxofre são indispensáveis para promover o crescimento saudável e a produtividade esperada da lavoura. Monitorar os sintomas e realizar análise de solo para ajustar a fertilização são práticas essenciais antes da semeadura da cultura.

Doses e forma de aplicação de enxofre na soja: qual a recomendação

As doses de enxofre na soja podem variar conforme alguns fatores:

  • Condições específicas de solo;
  • Práticas agrícolas;
  • Necessidade da cultura e de trabalhos de pesquisas regionais presentes no manual de recomendação de adubação da região.

A soja é uma cultura que necessita de enxofre em todo seu ciclo de crescimento e desenvolvimento, pois o enxofre participa de muitos processos metabólicos na planta, desde o estádio vegetativo até a formação dos grãos. Na Tabela 1 encontra-se uma estimativa da demanda nutricional da cultura da soja para uma produtividade de 80 sc/ha.

Tabela 1 – Extração e exportação de nutrientes para a cultura da soja, considerando produtividade de 80 sc/ha.

Tabela sobre extração e exportação de nutrientes para a cultura da soja.

*Fonte: Mosaic (2016) – estimativa realizada a partir da média de 13 autores.

De acordo com estudos realizados pela Mosaic Fertilizantes, para cada tonelada de grãos de soja produzida em uma lavoura com produtividade média de 80 kg/ha, são exportados 19 kg e extraídos 39 kg de enxofre. Portanto, a falta de aplicação de enxofre acarretará diretamente na perda de produtividade da cultura e, consequentemente, na qualidade dos grãos.

A recomendação de enxofre é realizada com base nos resultados de análise de solo, nas tabelas de extração e exportação do nutriente pelas culturas, além da diagnose foliar, que é uma ferramenta importante no processo de identificação de deficiências.

Análise de Solo:

A análise de solo deve ser interpretada conforme o método de extração da região, que estão associados a diferentes níveis críticos ou faixas de suficiência. Para realizar uma amostragem confiável do solo, o ideal é extrair vinte amostras simples para formar uma amostra composta, deve-se escolher áreas homogêneas, com base nas características do solo como textura, histórico do cultivo e topografia. Após o recebimento da análise do solo, o resultado deve ser interpretado por um agrônomo.

As doses de enxofre recomendadas para a cultura da soja variam entre 10 e 30 kg/ha, de acordo com os Manuais do Cerrado (2002), Nepar (2019) e Boletim 100 (2022). Salienta-se que as doses dependem do teor de enxofre no solo e nível crítico considerando expectativa de produção e balanço de nutrientes (extração e exportação pela cultura).

Diagnose Foliar:

A diagnose foliar é uma prática também utilizada para avaliar o estado nutricional das plantas, incluindo teores de enxofre na soja. A amostragem deve ser realizada durante a fase vegetativa da cultura, principalmente no início da floração e o enchimento de grãos, as folhas escolhidas devem ser aquelas que não demonstram sintomas de doença e deficiência nutricional. Após o resultado da análise, o produtor pode optar em aplicar fertilizante via solo ou foliar.

Qual a fonte de enxofre aplicar para a minha soja?

Há diversas opções de fontes que contenha enxofre em sua composição, a maioria delas, são formadas por sulfato e podem ser moderadamente ou muito solúveis em água. Na tabela 2 encontram-se algumas fontes mais utilizadas na soja a base de enxofre:

Tabela 2 – Fontes que fornecem enxofre.

Tabela com as principais fontes de enxofre.

Fonte: adaptada de Vitti et al. (2006)

  1. Gesso agrícola: é um condicionador de solo, utilizado no preparo do solo para diminuir a atividade do íon Al3+ e aumentar os níveis de Ca na solução do solo, resultando em maior aprofundamento das raízes e maior aproveitamento dos nutrientes aplicados no solo. O gesso agrícola possui de 15 a 18% de enxofre em sua composição e é indispensável no manejo do preparo dos solos;
  2. Enxofre elementar: é a fonte mais duradoura de enxofre no solo, através da atividade microbiana, o enxofre elementar é oxidado e transformado em sulfato, forma prontamente disponível para a planta absorver. Possui de 80 a 100% de enxofre e pode ser obtido a partir de minérios sedimentares ou jazidas naturais de origem vulcânicas, ou então, através do gás natural e dos gases de refinarias;
  3. Sulfato de amônio: pode ser obtido através da reação da amônia com o ácido sulfúrico ou pode ser um subproduto da indústria de carvão mineral. O sulfato de amônio possui aproximadamente 24% de enxofre e é muito aplicado na agricultura;
  4. Superfosfato simples: é conhecido como SSP ou supersimples, obtido no tratamento da rocha com o ácido sulfúrico, possui 12% de enxofre em sua composição e é fonte de P e Ca também;
  5. Sulfato de magnésio: também conhecido como sal epsom, é fonte de magnésio e enxofre, contendo 13 % de enxofre. É obtido através da reação entre magnésio e ácido sulfúrico e possui alta solubilidade;
  6. Sulfato de potássio: é obtido pela reação entre o cloreto de potássio e o ácido sulfúrico, contém 18% de enxofre e atualmente essa fonte é substituída por outras, devido seu alto índice de salinidade;
  7. Sulfato de potássio e magnésio: possui 22% de enxofre em sua composição e é muito conhecido por ser uma fonte livre de cloro.

Apesar das fontes citadas acima possuírem enxofre em sua composição, o produtor busca garantir enxofre em todo o ciclo da cultura, por esse motivo a Mosaic Fertilizantes tem a solução ideal para nutrição da soja, após 15 anos de pesquisa e validação no Brasil, o MicroEssentials® é líder mundial em nutrição de plantas.

O MicroEssentials® é um fertilizante mineral sólido que contém nitrogênio, fósforo e enxofre no mesmo grânulo, contendo fosfato-apatita duas formas de enxofre (S), enxofre sulfato, prontamente disponível para as plantas absorverem e o enxofre elementar, que estará disponível durante todo o ciclo da cultura.

A soja é uma cultura que demanda enxofre em todo o seu ciclo de desenvolvimento. O enxofre sulfato é absorvido desde a fase inicial da cultura. No entanto, ao longo do tempo, tende a percolar para camadas mais profundas do solo. O enxofre elementar, sendo oxidado gradualmente, é capaz de fornecer S nas camadas superficiais, onde há maior concentração de raízes e nas fases reprodutivas. Portanto, isso gera um fluxo contínuo de enxofre durante todo o ciclo da soja.

Essa tecnologia de alta performance possui diversas vantagens, entre elas: alta qualidade física, garante lavouras homogêneas, maior eficiência operacional, maior segurança na aplicação, maior rendimento de máquinas e mão-de-obra e maior produtividade das culturas.

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