A aplicação de fertilizantes e corretivos requer o emprego de diversos equipamentos agrícolas. Os equipamentos para aplicação de fertilizantes e corretivos podem ser bastante diferentes. Há desde os de acionamento manual, como os que funcionam acoplados ao sistema de três pontos do trator ou tracionados, e os autopropelidos.
Independentemente do modelo, esses equipamentos sempre possuirão um reservatório para armazenar o produto e os mecanismos responsáveis por sua manipulação, com o objetivo de assegurar a aplicação em dosagem e posição adequada.
Os mecanismos mais importantes e que determinam a capacidade e a qualidade de aplicação são os mecanismos dosadores e os distribuidores.
Neste texto, discutiremos as principais modalidades de aplicação, os principais tipos e características de equipamentos.
O que são mecanismos dosadores e distribuidores?
Os mecanismos dosadores são aqueles responsáveis por estabelecer uma vazão de produto. Isso porque para obter a dose de aplicação desejada ajusta-se a vazão em função da largura de aplicação e da velocidade de deslocamento.
Nos mecanismos do tipo gravitacional, por exemplo, a vazão é estabelecida pela abertura de comportas na parte inferior dos reservatórios de produtos. Já nos mecanismos volumétricos há componentes móveis como esteiras, rotores ou roscas sem fim que retiram o produto do reservatório.
O acionamento desses mecanismos dosadores e a sua capacidade de definir doses em maior ou menor resolução e com maior ou menor velocidade oscilam tremendamente. Há desde equipamentos puramente manuais, como também os de acionamento totalmente mecânico e até os elétricos que utilizam diversos sensores e motores para ajuste contínuo e automático da dose.
Já os mecanismos distribuidores são responsáveis por posicionar o produto dosado, podendo ser de diferentes tipos:
- Queda-livre, que simplesmente direcionam o produto na projeção da própria máquina ou em frações;
- Pneumático, em que por meio de um circuito pressurizado os fertilizantes são conduzidos por meio de ar em movimento, até o ponto em que devem ser depositados (a aplicação de produtos em pó usualmente não é realizada com este tipo de mecanismo);
- Inercial, em que um duto com movimento alternativo arremessa o produto na superfície do terreno;
- Centrífugo, em que o produto é arremessado por meio de discos que apresentam movimento rotativo e sobre os quais estão dispostas aletas.
Aplicação em sulcos
A aplicação de fertilizantes em sulcos é realizada principalmente na implantação das lavouras. Este tipo de estratégia visa colocar os nutrientes bastante próximos às estruturas de propagação para que haja rápida absorção, garantindo vigor na fase inicial de desenvolvimento das plantas.
Usualmente a adubação é realizada nas fileiras, junto à deposição das estruturas de propagação. Portanto, a operação pode ser realizada por semeadoras-adubadoras, plantadoras-adubadoras ou transplantadoras adubadoras.
Os mecanismos dosadores utilizados são principalmente aqueles do tipo volumétrico como as roscas sem fim no caso de menores doses de fertilizantes e esteiras transportadoras no caso de maiores doses ou no uso de fontes de nutrientes menos concentradas. A abertura dos sulcos pode ser realizada por mecanismos do tipo disco ou por meio de hastes.
A aplicação em sulcos pode também ser realizada com adubações em cobertura, ou seja, quando as plantas passam a absorver as maiores quantidades de nutrientes e se encontram em pleno crescimento. Os equipamentos utilizados são as incorporadoras em linhas ou mesmo os cultivadores, que além de aplicar os fertilizantes ainda realizam alguma mobilização do solo para melhorar o ambiente de crescimento das plantas e controlar eventuais plantas daninhas.
Estes equipamentos podem estar acoplados ao sistema de engate de três pontos ou serem tracionados. Possuem mecanismo dosador do tipo volumétrico e distribuidor do tipo queda livre com a presença de tubos para conduzir os produtos a um sulcador ou cultivador.
Aplicação em covas
Algumas espécies cultivadas são posicionadas em covas para que se obtenha o melhor resultado ou porque assim requeiram em função das condições do terreno. Para este tipo de aplicação há um número reduzido de máquinas, mas podem ser encontradas modelos tratorizados que ao abrirem as covas para o posicionamento de mudas já realizam a deposição do fertilizante.
Há ainda adubadoras manuais, que permitem aplicar de modo controlado uma quantidade de fertilizante em cada cova. E existem semeadoras manuais (“matracas”) que além de depositar sementes também depositam o fertilizante, sendo, portanto, enquadradas como semeadoras adubadoras manuais. Este tipo de equipamento, apesar de pouco usual em propriedades empresariais, é fundamental para muitos agricultores familiares.
Aplicação em faixas
As aplicações em faixas são aquelas em que os fertilizantes são colocados de modo limitado a uma porção do terreno sem que haja necessariamente a sua incorporação. Encontram-se nesse tipo de aplicação diversos tipos de equipamentos, sendo bastante comum sua prática nas culturas perenes como os pomares, em que usualmente se deposita o fertilizante na projeção da copa das plantas.
A deposição em faixas pode também ser realizada visando a aplicação em toda a superfície do terreno, mas por meio de várias passadas laterais da máquina que realiza a aplicação ao longo de toda a sua largura. Os equipamentos do tipo “cocho” que apresentam mecanismo distribuidor do tipo queda livre são utilizados neste tipo de aplicação.
Quando a aplicação é realizada em faixas na projeção da copa das plantas podem ser utilizados desde equipamentos que empregam mecanismos distribuidores do tipo inercial até centrífugos. Anteparos são colocados na frente dos mecanismos distribuidores centrífugos para restringir o lançamento lateral e central e assim delimitar uma faixa.
No caso dos inerciais, como os chamados pendulares, são empregados dutos com comprimentos e dispositivos que impedem a deposição no centro da máquina e direcionam o produto lateralmente. Ao passar entre as fileiras de árvores em um pomar tais equipamentos lançam o produto em suas duas laterais evitando a deposição no meio da rua (entre as fileiras de plantas).
Aplicação em área total
A aplicação em área total é também denominada de aplicação a lanço. Nesta modalidade são encontrados equipamentos que arremessam o produto por mecanismos inerciais ou pelos centrífugos. Busca-se obter a mesma dose do produto aplicado em toda a superfície do terreno. É a modalidade usualmente empregada para aplicações de corretivos do solo, utilizando-se distribuidores centrífugos com discos duplos.
A aplicação de corretivos e fertilizantes pode ser realizada com o mesmo equipamento, devendo-se atentar para a alteração do tipo de disco e aletas utilizadas, assim como para o ajuste visando assegurar altas vazões no caso dos corretivos (milhares de quilo por hectare) e menores vazões (dezenas a centenas de quilo por hectare) no caso dos fertilizantes.
Com os corretivos em pó a possibilidade de aplicar sem a necessidade de arremessar deve sempre ser considerada, usando, por exemplo, equipamentos com mecanismos distribuidores do tipo queda-livre.
Aliás, um grande desafio nas aplicações com equipamentos que arremessam produtos é assegurar a qualidade. A posição de deposição no terreno, de produtos arremessados pelos mecanismos, depende tanto de características da máquina como daquelas inerentes ao próprio produto e das condições do ambiente.
Assim, medidas devem ser tomadas durante o ajuste dos equipamentos para verificar se a largura de aplicação permite obter sobreposições laterais adequadas de modo a assegurar a regularidade da dose. Isso porque produtos em pó dificilmente podem ser lançados a distâncias maiores que 12 m.
Já para os granulados há grande diversidade de ajustes que podem ser realizados em função do tamanho dos grânulos, sua heterogeneidade, densidade e características aerodinâmicas. Dessa forma, para alguns produtos pode-se trabalhar com larguras próximas a 50m. A maior parte dos produtos, porém, é restrita a valores próximos aos 30m.
Há muita diversidade em termos de solução mecânica nos distribuidores centrífugos, o que faz com que se obtenha desempenho muito distinto entre fabricantes. Da mesma forma, a qualidade física do fertilizante utilizado é determinante para obter maiores larguras e qualidade de aplicação.
E vamos considerar que a presença de ventos pode alterar todo o perfil de deposição desses equipamentos na medida em que interferem na distância atingida pelas partículas lançadas. Isto é particularmente grave nas aplicações de produtos em pó nos períodos do ano com maior ocorrência de ventos.
Artigo escrito em parceria com a Jacto.