A degradação do solo provoca diminuição da sua capacidade de produzir e representa séria ameaça à segurança alimentar futura. Demandas cada vez maiores para atender a necessidade mundial de aumentar a produção de alimentos, de fibras e de combustíveis têm pressionado severamente os recursos naturais, entre eles podendo estar a degradação dos solos.
A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) citou em um relatório publicado em 2015 (Status of the World’s Soil Resources) que os solos degradados cobrem 24% das terras do globo (35 milhões de km2).Todavia, estimativas atualizadas das taxas em que os solos estão se degradando, a extensão das áreas afetadas e as perdas econômicas, são variáveis incertas e de obtenção complexa.
Desse modo, faz-se necessário compreender a degradação dos solos para manutenção da sua qualidade, frente a suas funções de sustentar a produtividade animal e das plantas, para manutenção da qualidade da água e do ar, e o suporte a saúde dos organismos. Nesse artigo você irá entender sobre a degradação do solo. Boa leitura!
O que é a degradação do solo?
Os solos são a base da produção de alimentos terrestres, sustentando direta ou indiretamente 95% de nossa produção de alimentos. Além de fornecer um substrato para cultivar nossos alimentos, os solos também conferem outros serviços ecossistêmicos essenciais, como armazenamento e filtragem de água, ciclagem de nutrientes, biodiversidade e armazenamento de carbono. No entanto, a demanda por alimentos, o aumento da população humana e os efeitos das mudanças climáticas estão exercendo pressões sem precedentes sobre o solo.
A degradação do solo se refere ao conjunto de transformações químicas, físicas e biológicas, que promovem o declínio da sua qualidade reduzindo sua capacidade de produção de alimentos. Essas transformações ou processos são provenientes principalmente da ação antrópica (ação humana) ou decorrentes das mudanças climáticas. A degradação do solo é tida como uma das principais causas de estagnação do crescimento da produtividade agrícola.
Quais as causas da degradação do solo?
Os solos podem ser degradados de diferentes maneiras (direta ou indiretamente), com diversas origens e graus. Cabe ressaltar que na maioria das vezes as causas estão interrelacionadas e sua separação é difícil.
Abaixo as principais causas da degradação do solo e alguns exemplos:
- Fatores físicos: alteração da estrutura dos solos através da ação da água, do vento e manejo incorreto do solo, como o preparo e o revolvimento, etc.
- Fatores químicos: mudanças no pH do solo, alteração na concentração e disponibilidade de nutrientes, etc.
- Fatores biológicos: diminuição da matéria orgânica do solo, redução da macrofauna e dos microrganismos do solo (e sua atividade), aumento de patógenos, etc.
- Desmatamento: remoção da cobertura do solo, diminuição da matéria orgânica, alteração nas taxas de infiltração de água, etc.
- Uso incorreto de defensivos agrícolas e excesso de fertilizantes: diminuição da microbiota do solo, toxicidade dos microrganimos nativos, alteração das reações químicas do solo, perda de nutrientes, etc.
- Atividades industriais: contaminação por metais pesados e poluentes orgânicos, etc.
- Práticas de cultivo inadequadas: excesso nas operações de preparo do solo, falta de rotação de culturas, uso de sistemas simplificados de produção, manejo incorreto de irrigação etc.
- Produção animal inadequada: superpastejo, contaminação por resíduos não destinados de maneira correta etc.
- Urbanização: impermeabilização da superfície, construção de rodovias, sistemas de drenagem ineficientes, alteração dos recursos hídricos etc.
Quais os tipos de degradação dos solos?
Práticas agrícolas intensivas e falta de adoção de práticas de manejo conservacionistas são as principais responsáveis pela redução da fertilidade do solo e da qualidade dos agroecossistemas de uma forma geral.
Abaixo estão listados os tipos de degradação que podem ocorrer:
- Erosão hídrica ou eólica (pelo vento): é uma das principais formas de degradação e é resultado da intensidade do uso agrícola e do sistema de manejo inadequado. Na erosão ocorre arrraste das partículas do solo e a produtividade é diretamente afetada, contribuindo para a perda de nutrientes e para o assoreamento dos rios. Simultaneamente, há impacto na qualidade da água, bem como nos ecossistemas aquáticos. A erosão pode ocupar áreas extensas e alterar o relevo;
- Compactação: o aumento da densidade do solo pode reduzir a produtividade agrícola e a infiltração de água, aumentando o escoamento superficial;
- Alagamentos;
- Declínio da matéria orgânica do solo (MOS): a perda da MOS reduz a qualidade do solo, afetando a disponibilidade de nutrientes e representando perdas de carbono (C) do solo. Solos com baixos teores de MO apresentam menor capacidade de retenção de água e consequentemente são menos resistentes a seca e a erosão.
- Acidificação: diminuição do pH dos solos;
- Lixiviação: perda de nutrientes causada pelo movimento da água pelo perfil do solo;
- Salinização: acúmulo de sais no solo que geralmente ocorre pelo uso de água de baixa qualidade na irrigação, drenagem deficiente ou excesso da dose de fertilizantes;
- Esgotamento de nutrientes: devido à diminuição do teor de matéria orgânica, lixiviação e extração pelas raízes das plantas sem reposição adequada;
- Contaminação (poluição) do solo: pode ocorrer em função de aplicação de resíduos inadequados e com doses impróprias contendo altos teores de metais pesados, poluentes orgânicos e microrganismos patogênicos. Pode também ser decorrência de atividades industriais.
O que podemos fazer para proteger os solos?
A utilização inadequada dos solos agrícolas, como visto anteriormente, pode proporcionar a desestabilização da estrutura física, redução da fertilidade, compactação, degradação ambiental, dentre outros impactos negativos. É essencial que a capacidade de uso do solo seja respeitada e o manejo do solo adequado seja implementado, para devolver a capacidade produtiva do solo e elevar o desempenho das culturas.
Abaixo algumas práticas comumente conhecidas para proteção dos solos:
- Plantio direto: é um sistema conservacionista na qual o solo não é revolvido, é mantida a cobertura permanente do solo através do resíduo das culturas e há diversificação de espécies vegetais com uso de rotação ou consórcio de culturas.
- Sistemas de produção integrados (Integração Lavoura-Pecuária-Floresta – ILPF): estratégia de produção que integra diferentes sistemas produtivos, agrícolas, pecuários e florestais dentro de uma mesma área.
- Recuperação de pastagens degradadas: através de lotação animal adequada, correção e adubação do solo, uso de cultivar adequada e sementes de boa qualidade;
- Rotação de culturas: alternar anualmente o cultivos de espécies vegetais na mesma área agrícola. Culturas com diferentes sistemas radiculares e com propósito comercial devem ser priorizadas.
- Florestamento e reflorestamento: estabelecimento ou restabelecimento de espécies arbóreas, por meio do plantio de espécies nativas ou exóticas.
- Uso de resíduos: agrícolas, agroindústriais e urbanos para aumento dos teores de matéria orgânica e contribuição para a melhoria da fertilidade do solo.
Decisões assertivas no combate a degradação do solo e melhoria da saúde do solo
As práticas citadas acima para proteção e conservação dos solos alteram diretamente as características físicas (agregação, porosidade, estrutura), químicas (pH, capacidade de troca catiônica (CTC), disponibilidade de nutrientes) e biológicas (macro e microfauna, diversidade e atividade microbiana), e, consequentemente afetam a saúde dos solos.
Evidências crescentes sugerem que solos degradados, a depender do tipo e do grau de degradação, têm grande potencial de restauração através das mudanças no manejo.
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Aline Puga – Especialista Agronômica Mosaic Fertilizantes.