Como maior produtor e exportador mundial de soja, o Brasil não poderia ocupar tal posto sem muita técnica e tecnologia desenvolvida, validada e aprimorada, buscando maior resiliência, produtividade e rentabilidade com o cultivo da oleaginosa. Um dos elementos nutricionais essenciais para o crescimento saudável da soja é o magnésio, que desempenha um papel fundamental no metabolismo das plantas e na qualidade dos grãos.
A soja é uma das culturas e commodities mais importantes para o Brasil e para todo o planeta, com um amplo espectro de aplicações na indústria alimentícia e de nutrição animal como fonte proteica, na produção de biocombustíveis como fonte energética e em diversos produtos manufaturados.
Não diferente de outras plantas cultivadas, a soja requer práticas agronômicas que permitam a expressão máxima do potencial genético, que foi aprimorado através do melhoramento genético realizado ao longo das últimas décadas, permitindo o desenvolvimento de cultivares adaptadas às diferentes condições edafoclimáticas brasileiras.
Do ponto de vista nutricional, a cultura da soja é considerada exigente e bastante responsiva ao fornecimento dos 14 nutrientes minerais que são indispensáveis ao seu desenvolvimento.
Dentre os nutrientes demandados, os macronutrientes Nitrogênio (N), Fósforo (P), Potássio (K), Magnésio (Mg) e Enxofre (S) são exigidos em quantidades significativas, da ordem de quilogramas por hectare.
Na Tabela 1 é destacado as quantidades extraídas e exportadas através dos grãos, de cada nutriente mineral. Nota-se que para uma produção de 90sc/ha de soja, são demandados 493Kg/ha de nitrogênio, nutriente mais exigido pela maioria das culturas e que graças à fixação biológica de nitrogênio, não se faz necessário adubação com N nessa magnitude
Tabela 1. Extração e exportação de nutrientes para a produção de 90sc/ha de soja.
Quanto ao macronutrientes secundários, cálcio (Ca), magnésio (Mg) e enxofre (S), elementos naturalmente limitados nos solos brasileiros são fornecidos através da calagem (Ca + Mg) e gessagem (Ca + S) e através de adubações como Superfosfato simples (Ca + S), superfosfato triplo (Ca) e Sulfato de amônio (S).
Note que o cálcio é um nutriente presente em diversas fontes e em quantidades consideráveis, além de ser o Ca, o nutriente com menor taxa de exportação (13% conforme tabela 1), ou seja, é um nutriente pouco exportado, já que 87% do que é absorvido retorna ao sistema produtivo através da palhada.
Já o magnésio, está presente apenas no calcário e mesmo naqueles mais concentrados em Mg, raramente passa de 50% do teor de Ca, além de ser a dolomita, o mineral de origem do magnésio, mais dura e de menor solubilidade que a calcita, o mineral de origem do Ca.
Coube ao calcário, uma fonte de carbonato de magnésio (MgCO3), a função de fornecer todo o Mg demandado pela soja. Na Tabela 2, é apresentado a nomenclatura e teores mínimos de nutrientes dos corretivos de acidez definidos pelo Ministério da Agricultura e Abastecimento (MAPA) por meio da normativa IN35 de 2006.
Note que a normativa define apenas os teores mínimos de óxidos de Ca e Mg somados, cabe, portanto, ao agricultor exigir do fornecedor, o teor de MgO, para que possa ser priorizado fontes com maiores teores de magnésio.
Tabela 2. Especificações e garantias mínimas dos corretivos de acidez
A baixa solubilidade das fontes de carbonato e óxido de magnésio aliado ao aumento dos potenciais produtivos dos sistemas de produção (plantio direto, safra + safrinha), a elevação de teores de outros cátions como cálcio (Ca), amônio (N) e potássio (K) que competem pelos mesmo sítios de absorção que o magnésio e o encurtamento dos ciclos de produção vêm cada vez mais tornando fontes solúveis de magnésio disponibilizadas de forma sincronizada com os picos de absorção do nutriente, responsivas.
Na Figura 1 a seguir é ilustrado o grande aumento produtivo dos sistemas agrícolas brasileiros nas últimas três décadas, que vêm mudando o cenário produtivo e as demandas e limitações nutricionais.
Figura 1. Evolução da área, produção e rendimento de grãos no Brasil.
Quais são os sintomas de deficiência de magnésio na soja?
Talvez você já tenha se deparado com um agricultor questionando sobre os teores de Ca e S de um fertilizante, o mesmo não ocorre para o Mg, más isso está mudando, e vamos aprofundar um pouco mais no porquê disso.
Iremos explorar a importância do magnésio no cultivo da soja, suas funções no metabolismo das plantas, os sintomas de deficiência, o impacto na produtividade e qualidade da safra, bem como a melhor época e método de aplicação de magnésio na cultura da soja.
Uma das funções primárias do magnésio é sua participação na fotossíntese. O magnésio faz parte da molécula de clorofila, o pigmento responsável pela absorção de energia luminosa durante a fotossíntese (esquema molecular da clorofila é apresentado na Figura 2.
A clorofila converte a luz solar em energia química, permitindo que a planta produza carboidratos e outros compostos orgânicos para sua sobrevivência e perpetuação. Em deficiência de magnésio, a eficiência da fotossíntese é prejudicada, afetando diretamente a capacidade da planta de produzir nutrientes e energia para seu crescimento.
Figura 2. Molécula de clorofila com destaque ao átomo central de magnésio.
Além disso, o magnésio é um cofator de enzimas envolvidas em várias reações metabólicas essenciais nas plantas de soja. Ele participa da ativação enzimática, contribuindo para a síntese de carboidratos, lipídios e proteínas. Esses compostos são fundamentais para o crescimento, desenvolvimento e reprodução das plantas.
O magnésio também desempenha um papel importante no transporte e utilização de fosfato pelas plantas de soja. O fosfato é um componente essencial do ATP (adenosina trifosfato), a molécula de energia primária das células. A deficiência de magnésio pode afetar a absorção e transporte de fosfato, comprometendo a disponibilidade de energia para as plantas.
Estudo recentes têm reforçado o entendimento de que plantas de soja bem nutrida em magnésio, toleram mais estresses abióticos, como presença de alumínio tóxico em solos ácidos. Na figura 3, plantas de soja cultivadas em solução nutritiva foram mais tolerantes à presença de alumínio tóxico quando bem nutridas em magnésio.
Figura 3. Plantas de soja em solução nutritiva deficiente e com disponibilidade adequada de magnésio na presença e ausência de alumínio.
Como a deficiência de magnésio pode afetar o rendimento e a qualidade da safra de soja?
Os sintomas de deficiência de magnésio na soja podem ser identificados por meio de observações visuais nas plantas ou através de análise de tecido vegetal em laboratório.
O sintoma mais comum é a clorose internerval, em que as folhas mais velhas apresentam um amarelecimento entre as nervuras, permanecendo as nervuras verdes. Esse padrão de clorose internerval de folhas mais velhas é característico da deficiência de magnésio, que é um elemento móvel nos tecidos vegetais.
Em casos de deficiência severa de magnésio, a clorose pode ocorrer também nas folhas novas, conforme figura 6. Além disso, a deficiência de magnésio pode resultar em redução do crescimento das plantas de soja, com menor altura e desenvolvimento geral mais lento. Em casos mais graves, as folhas podem apresentar necrose, com manchas castanhas e secas.
Figura 4. Evolução gradual dos sintomas de deficiência de magnésio em folha de soja.
Figura 5. Trifólios de soja com deficiência de magnésio.
Figura 6. Plantas de soja com deficiência de magnésio em folhas novas devido à alta severidade.
A deficiência de magnésio pode afetar o rendimento da safra de soja e quando os sintomas visuais de deficiência são percebidos, significa que os danos fisiológicos ja vêm ocorrendo a alguns dias.
O magnésio participa da mobilização de carboidratos, permitindo-os serem transportados até os órgãos dreno, como raízes e vagens, dessa forma, plantas de soja deficientes em Mg, podem apresentar subdesenvolvimento de raízes e baixo peso de grãos.
Na Figura 7, é demonstrado que em menores disponibilidades de magnésio, a planta de soja tende a acumular açúcares na parte aérea e menos açúcar é translocado às raízes, podendo ocasionar em subdesenvolvimento radicular e maior exposição da parte aérea a ataque de pragas e doenças.
Figura 7. Teores de açúcares nas folhas, caules e raízes em diferentes disponibilidades de Mg.
É importante realizar uma análise do solo para avaliar a disponibilidade de magnésio e identificar possíveis deficiências. Com base nos resultados da análise, é possível determinar a quantidade adequada de magnésio a ser aplicada.
O aumento da disponibilidade de cátions como potássio e amônio também podem induzir a deficiência de Mg, mesmo estando este em níveis adequados no solo, uma vez que diferente do potássio, não há um sítio específico para absorção de magnésio no sistema radicular, logo, o potássio pode competir pela absorção de magnésio, conforme demonstrado na figura 6 a seguir, onde 3 situações são ilustradas:
- Nutrientes em teores equilibrados no solo;
- Solo com alto teor de potássio;
- Solo com alto teor de magnésio.
Note que o alto teor de potássio pode inibir a absorção de Mg e o inverso não é verdadeiro na mesma proporção, já que o K possui um sítio específico de absorção.
Figura 8. Interações entre K e Mg durante a absorção radicular.
Qual é a melhor época e método de aplicação de magnésio na cultura da soja?
A aplicação de magnésio normalmente é feita através da aplicação de calcário ou óxidos de magnésio, fontes de baixa solubilidade que devem ser disponibilizadas antes da semeadura, para que tenham tempo de reação.
Já a aplicação de fontes de magnésio de alta solubilidade devem anteceder o momento de maior absorção, que ocorrerá após V4, conforme demonstrado na figura 9, em outras palavras, a aplicação deve ocorrer junto à adubação de semeadura ou na primeira adubação de cobertura.
Figura 9. Marcha de absorção e distribuição de Mg em soja.
Fertilizantes fontes de Mg de alta solubilidade em água, como o K-Mag, são caracterizados como sendo sulfato duplo de potássio e magnésio com baixo teor de cloro (K2SO4.MgSO4), originados do processamento da Langbeinita. Esses fertilizantes fornecem potássio, magnésio e enxofre de alta solubilidade em um único grânulo, sendo ótimas ferramentas aliadas ao uso de fontes de calcário com altos teores de magnésio.
Isso ocorre porque o calcário possui a capacidade de fornecer grandes quantidades de magnésio na forma de carbonato, que apresenta baixa solubilidade, possibilitando, assim, a correção do solo em relação à deficiência desse nutriente.
O K-Mag então entra como uma fonte de rápida disponibilização do magnésio, capaz de suprir a demanda concentrada de magnésio por parte das plantas de soja, além de cumprir a função de repor os teores exportados com a colheita.
Em conclusão, o magnésio desempenha um papel fundamental no cultivo saudável e produtivo da soja. Suas funções no metabolismo das plantas, como participação na fotossíntese e ativação enzimática, destacam sua importância para o desenvolvimento adequado das plantas de soja.
Portanto, é essencial garantir uma disponibilidade adequada de magnésio por meio de práticas de manejo adequadas, como a aplicação de fertilizantes nos momentos corretos e métodos apropriados. O entendimento desses aspectos contribui para o cultivo eficiente e sustentável da soja, maximizando seu potencial produtivo.
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