O que você sabe sobre o ciclo da cana-de-açúcar?
Originária da Nova Guiné, passando pelo mediterrâneo, Ilha da Madeira até chegar ao Brasil. Trazida por Martim Affonso de Souza em 1532, a cana-de-açúcar foi inicialmente introduzida na capitania de São Vicente, vindo posteriormente a continuar sua expansão para o que hoje é a região Nordeste do país, principalmente nas em Pernambuco e Bahia, onde a cultura teve forte desenvolvimento e expansão.
Consumida principalmente por reis e nobres na Europa, a cana-de-açúcar foi um dos poucos (se não o único) produtos agrícolas que movimentou nações, motivou guerras e disputas pela sua produção ao longo da história.
Existem registros que falam que o quilograma do açúcar no século XIV era comercializado por volta de R$ 200,00, sendo o açúcar tratado como sinônimo de riqueza e poder.
Neste artigo vamos falar mais sobre a história e o ciclo da cana-de-açúcar. Boa leitura!
Qual a origem da cana-de-açúcar?
Durante os séculos XVI e XVII o Brasil deteve o monopólio da cultura, chegando a exportar mais de 90% de todo o açúcar produzido em território nacional. A partir do século XVIII, vendo a grande riqueza e lucratividade trazidas pela cultura, outras potências europeias da época, como Inglaterra, França e Holanda estimularam suas colônias nas Américas e Caribe a produzirem em larga escala o açúcar. Como consequência, o Brasil perdeu, durante esse período, o posto de maior produtor mundial.
A partir desse ponto, o mercado mundial açucareiro foi sofrendo mudanças e se adaptando aos novos cenários globais. Novos produtores foram surgindo, como Austrália, África do Sul, Ilhas Maurício e outros.
Também uma nova cultura agrícola produtora de açúcar entrou em cena, a beterraba, uma alternativa ao bloqueio naval imposto pelos ingleses durante as guerras napoleônicas que forçaram a França a buscar alternativas para o açúcar utilizando uma técnica de produção desenvolvida por Andrés Marggraf, tornando a Europa independente do açúcar produzido em outros continentes.
Durante todo esse período o Brasil foi, cada vez mais, perdendo espaço no mercado mundial de açúcar, chegando ao final do século XIX com a fatia de somente 5% do mercado, com Cuba liderando com 25% e a Europa respondendo com 36% com o seu açúcar de beterraba.
Na metade do século XIX, Dom Pedro buscando por renovações, elabora o plano de modernização da produção de açúcar, surgindo assim um modelo de produção que é adotado até hoje por parte do setor. Surgiu a partir daí a proposta de Engenho Central, que deveria somente moer a cana e processar o açúcar para comercialização, deixando o cultivo para fornecedores.
Foram aprovados um total de 87 engenhos, mas somente 12 foram implantados, com o primeiro sendo o Quissamã, na região de Campos dos Goytacazes. Este entrou em operação em 1877 e funcionou até o final do século 20.
Caminhamos em passos lentos até o começo do século 20, onde uma série de fatores impulsionaram o setor como: primeira guerra mundial, que devastou a produção do açúcar de beterraba, a vinda de italianos para o Brasil, que adquiriram terras e deram prioridade para plantio de cana para produção de cachaça e também pelos maus resultados do café, que forçaram os produtores a diversificarem suas lavouras.
Neste cenário, a expansão ocorreu, principalmente, no estado de SP para as regiões de Campinas, Mogi Guaçu, Itu e Piracicaba; essa última se tornou rapidamente o maior centro produtor de cana do estado. Na sequência, a expansão se deu mais para o interior do estado, com destaque para Ribeirão Preto.
A partir desse ponto, o setor não parou mais de se desenvolver, passando por momentos de baixa, mas sempre se mantendo firme. Surgem instituições de apoio e pesquisa para o setor, como o Instituto Agronômico de Campinas (IAC) e IAA-Planalçucar. Cooperativas como a Copersucar também estimularam a produção, buscando ganhos para os produtores e usinas. Novas tecnologias também foram importadas de outros lugares do mundo, como Austrália e África do Sul.
Com investimento, tecnologias e incentivos, o setor pôde se modernizar na década de 70, o que possibilitou não somente ganhos para os produtores brasileiros, mas também para o próprio Brasil, visto que tal plano ajudou o país a enfrentar a crise do petróleo com o Proálcool, abrindo espaços para desenvolver a cultura em outros estados, como MG, GO, MS e MT, atingindo números impressionantes ao passar de 300 milhões de litros para mais de 11 bilhões em menos de 5 anos.
O cenário atual
Hoje somos os maiores produtores do ciclo da cana-de-açúcar do mundo e, internamente, o estado de SP lidera a produção com 48,4% de todo etanol produzido no país e 63% do açúcar.
Açúcar
Na safra 20/21 o mundo produziu 179,9 milhões de toneladas, sendo o Brasil responsável por 22,9% desse total.
Etanol
Como efeito da pandemia, tivemos impacto no consumo de etanol. Baixos deslocamentos afetaram o consumo e o resultado foi de 19,25 bilhões de litros comercializados e 2,7 bilhões exportados para países como EUA, Holanda, Nigéria, Coreia do Sul e Japão.
Qual o objetivo da plantação de cana-de-açúcar?
Além da produção de açúcar e etanol, um outro produto importante para o setor é a energia – bioeletricidade. Somente em 2021 foram produzidos 20,2 mil GWh, representando 79% de toda a bioeletricidade do país.
E a previsão é de aumento, visto que hoje o setor tem potencial para produção de até 151 mil GWh, e espera-se, segundo projeções do RenovaBio, um crescimento de 55% em relação a produção de 2021.
Mas não é só isso! Também se produz etanol 2G, biogás, biometano, plástico, cosméticos, entre outros, a partir da cana-de-açúcar.
Qual o ciclo da cana-de-açúcar?
A cana é considerada uma cultura semi-perene, visto que existem várias colheitas/cortes da planta até que ela precise ser replantada. Em média, hoje temos um ciclo completo em 6 anos, 1 para plantio e 5 cortes/colheitas.
Esse número pode variar de acordo com o manejo e cuidados aplicados. Hoje existem produtores, em sua grande maioria fornecedores, cultivando a mesma soqueira por mais de 10 anos, o que mostra a importância do manejo adequado desta cultura.
Da mesma família do milho, arroz, cevada e outras gramíneas, a cana-de-açúcar é uma planta de formato cilíndrico, fina e que pode alcançar até 6 metros de altura. Cultivada em regiões de clima subtropical e tropical, ela pode se desenvolver bem também em solos com restrições, como o Cerrado brasileiro.
Com forte concentração no Centro-Sul do país (estados de SP, MG, MS, GO, PR e parte do MT) e uma parcela menor no Nordeste, de forma geral, temos dois períodos distintos de produção da cultura no país: um que vai de abril a novembro (Centro-Sul) e outro de setembro a março (Nordeste).
Quais são as fases do ciclo da cana-de-açúcar?
Como fazer uma plantação que garanta um bom ciclo da cana-de-açúcar?
Como vimos, depois de plantada, espera-se pelo menos 5 colheitas do ciclo da cana-de-açúcar. Dessa forma, antes do plantio propriamente dito, é importantíssimo um bom planejamento para evitar problemas futuros e garantir a rentabilidade.
Nessa etapa vamos elencar alguns pontos, como a definição da área, escolha da variedade mais adaptada, época de plantio, clima, resistência ou tolerância a pragas e doenças, necessidades nutricionais, definição da muda que será utilizada, entre outros.
Um outro fator importante, antes de realizar o plantio, é uma boa análise de solo. Essa ação possibilita a recomendação adequada quanto à nutrição da cana a fim de se garantir maior produtividade e sustentabilidade para os próximos 5 anos de colheita.
Preparo do solo
Com o objetivo de minimizar os impactos que possam limitar o desenvolvimento da cultura, sejam limitações físicas, químicas e biológicas, existem boas práticas de preparo de solo.
Mais uma vez, estimando-se um ciclo médio de 5 cortes, temos que garantir uma boa operação de preparo de solo para aumentarmos a possibilidade de longevidade do canavial.
Hoje para cana-de-açúcar temos as modalidades:
Preparo convencional: prática que consiste no revolvimento de camadas superficiais do solo para reduzir a compactação. Envolve operações como a eliminação de soqueira ou tocos, gradagem, aração, nivelamento, subsolagem. A definição do uso de todas ou algumas dessas operações será feita de acordo com a prévia análise da área. Nessa etapa acontece a sistematização da área e incorporação de corretivos.
Cultivo mínimo: esse sistema tem como princípio utilizar o mínimo possível de máquinas agrícolas no solo, com finalidade de menor revolvimento e compactação deste.
Plantio direto: prática de plantio da cana-de-açúcar sem revolvimento do solo, abertura de sulco e distribuição dos toletes cortando a palhada pré existente.
Plantio
Concluídas as etapas de planejamento e preparo de solo, vamos seguir para o plantio da cana-de-açúcar.
Nessa etapa, de forma geral, temos 3 denominações para a cana que será plantada. Essas denominações são definidas de acordo com os meses/época do ano que será realizada a operação.
• Cana de ano: 12 meses, normalmente plantada entre setembro e novembro;
• Cana de ano e meio: 18 meses, podendo ser plantada entre janeiro a março;
• Plantio de inverno: plantio de maio a agosto.
Cada vez mais os produtores têm dado preferência para o plantio de 18 meses, visto a obtenção de melhores resultados de produtividade.
Durante a etapa de plantio e pensando em nutrição para o ciclo da cana-de-açúcar, devemos combinar nossa expectativa de produção – quanto espero produzir nesse primeiro ano da cultura, com a análise de solo da área, comparando quando vou precisar de cada nutriente versus a capacidade do meu solo em disponibilizar cada um deles.
Para isso, uma referência tem sido a nova recomendação do Boletim 100 onde, de forma geral, tem se trabalhado com 30 a 60 pontos de nitrogênio (N), 140 a 180 pontos de fósforo (P) no plantio e 140 a 160 pontos de potássio (K) parcelados entre plantio e quebra lombo (também podemos parcelar o N no “quebra lombo”, dependendo do tipo de solo ou metodologia de plantio).
Abaixo nova recomendação do boletim 100.
Mesmo sabendo que as recomendações são variáveis de acordo com o exposto acima (expectativa de produtividade e teor no solo), no plantio da cana-de-açúcar é o momento em que se usam as mais altas doses de P, incluindo no sulco de plantio uma parcela do N e K e todo o P.
A complementação de K e uma segunda parcela de N serão fornecidas na operação de quebra lombo que veremos à frente.
Como exemplo de produtos indicados para o plantio da cana-de-açúcar, a Mosaic Fertilizantes possui formulações que podem ter entre 5 a 8% de nitrogênio, 28 a 46% de fósforo (P2O5) e de 6 a 12% de potássio.
Nestas formulações, de acordo com a linha de produtos, podemos ter o P do MicroEssentials e o K do K-Mag, o que resultará em fórmulas que contenham P de maior performance, além do enxofre disponibilizado de forma imediata e gradual no caso do MicroEssentials.
Contamos também com o K-Mag, fertilizante que apresenta magnésio solúvel em sua composição. Já a combinação de MicroEssentials e K-Mag faz parte da linha Performa, uma linha de fertilizantes com tecnologia multinutrientes.
Quebra Lombo
Quebra lombo consiste em uma operação de tratos culturais, realizada após a emergência da cultura em média de 60 a 90 dias após o plantio. Nessa etapa é feito a “quebra” da elevação de terras feita entre a linha da cana durante o plantio, quebrando torrões e nivelando o terreno no sulco da planta.
Pensando em nutrição, essa etapa é importantíssima, pois é nesse momento que faremos a aplicação do restante do K recomendado para o plantio e é também nessa etapa que se recomenda a aplicação de todo o boro (B) demandado para a cultura nesse primeiro ano.
Para isso, a Mosaic Fertilizantes desenvolveu o Aspire, que consiste em uma combinação única e exclusiva de K e B em duas formas, borato de sódio para pronta disponibilidade e borato de cálcio para liberação gradual, possibilitando assim a nutrição adequada ao longo do primeiro ano de estabelecimento da cultura.
Tudo isso em um único grânulo, garantindo distribuição uniforme e minimizando riscos de segregação e deficiência de B para seu canavial.
Importante reforçar que a operação de quebra lombo ocorrerá somente de 60 a 90 dias após o plantio. Nos demais anos, após a colheita, o solo já estará nivelado e toda a operação de adubação ocorrerá no manejo da chamada cana soca, como veremos a frente.
Como exemplo de produto para a adubação de quebra lombo, a Mosaic Fertilizantes conta com fórmulas de até 10% de nitrogênio e 60% de potássio, podendo conter enxofre, magnésio e boro quando formulados com os produtos K-Mag e Aspire. Tal combinação é chamada de Performa Ultra, da linha de fertilizantes de alta performance.
Cana Soca
Como dissemos anteriormente, espera-se o mínimo de 5 cortes antes de fazermos a reforma do canavial e recomeçarmos o ciclo de planejamento, preparo de solo e plantio.
O adequado manejo nutricional da cana soca é vital para garantir longevidade e manter altas produtividades, garantindo a sustentabilidade do negócio. Importante termos como regência a produtividade do ciclo anterior e expectativa de produção no próximo corte para a recomendação de adubação, principalmente de N e K.
De forma geral, o novo Boletim 100 traz que para cada 1 tonelada de cana que será produzida, iremos aplicar a proporção de 0,8 a 1 kg de N, 0,5 kg de P e 1,4 kg de K. Levando como exemplo um canavial de 3° corte com expectativa de produtividade de 100 toneladas, teremos uma recomendação de adubação de N, P e K na ordem de 100 kg/ha de N, 50 kg/ha de P (P2O5) e 140 kg/ha de K (K2O).
Conheça as linhas da Mosaic Fertilizantes
Como exemplo de formulações para a cana soca, a Mosaic Fertilizantes já inovou e tem fórmulas com o melhor balanço de nutrientes para atender a cultura e o ciclo da cana-de-açúcar, com formulações que podem inserir a tecnologia dos produtos de performance – MicroEssentials, K-Mag e Aspire, bem como a linha PERFORMA, um blend de produtos da linha performance.
Temos já disponíveis fórmulas que variam de 16 a 22% de nitrogênio, 6 a 11% de fósforo (P2O5) e 20 a 25% de potássio, tendo de acordo com a tecnologia aplicada, enxofre e boro imediatos e graduais, magnésio solúvel e fósforo mais eficiente.
A Mosaic também possui a linha Excellen, que conta com ureia estabilizada, o que garante maior segurança e qualidade de aplicação, além de melhor distribuição.