Você conhece os inoculantes, sabe como utilizá-los e está ciente dos benefícios que eles trazem para a agricultura? Hoje, vamos explorar mais detalhes sobre esse tema!
A agricultura do Brasil é reconhecida como geradora de empregos, de riqueza, de alimentos e de bioenergia. Em 2022, o PIB agrícola representou 25,55% do total, um elevado percentual, na exportação 47,6% dos produtos foram agrícolas e na geração de empregos, a agricultura é responsável por 20% do total.
Essa expressividade se deve ao agricultor, produtor rural e as tecnologias aplicadas no campo para aumento da produtividade, essas tecnologias vão da semente, fertilizante, defensivos, implementos até a colheita. De maneira mais recente, tem se adotado o a utilização de produtos biológicos voltados a fixação e mobilização de nutrientes no solo, os inoculantes.
O uso de inoculantes é uma importante ferramenta para elevar os patamares de produtividade da lavoura, que vão desde a fixação biológica de nitrogênio até a tolerância a estresses hídrico, atuam na qualidade e saúde do solo promovendo a sustentabilidade.
O que são inoculantes?
Os inoculantes são insumos agrícolas à base de microrganismos que desempenham funções benéficas para o desenvolvimento e produtividade das culturas. Contém em sua maioria, bactérias e fungos associados ou não, que, por exemplo, são responsáveis pela fixação de nitrogênio atmosférico, mobilização de nutrientes presentes no solo e papéis na fisiologia da planta que abordaremos no decorrer do texto.
Benefícios dos inoculantes na agricultura
Quando estão em simbiose (relação em que ambos os indivíduos se beneficiam) com a planta os microrganismos presentes nos inoculantes promovem um efeito favorável no crescimento vegetal e, por isso, o seu uso deve ser difundido.
Dentre os benefícios estão a capacidade de disponibilizar nutrientes que não estariam disponíveis para as plantas como o nitrogênio atmosférico e o fósforo retido no solo, aumentar a eficiência na absorção de água e nutrientes, síntese e liberação de hormônios vegetais que proporcionam maior crescimento radicular e de parte aérea, aumento na tolerância ao estresse por falta de água e elevadas temperaturas, proteção da planta contra patógenos de solo e incrementos na produtividade agrícola.
Entendendo o solo como uma estrutura viva e não apenas como um substrato para suporte das plantas, a qualidade dele é baseada em três pilares: físico, químico e biológico.
O pilar biológico do solo é formado pelos microrganismos, macrofauna e suas interações e, é essencial para manutenção da produtividade das lavouras. E uma das técnicas de melhoria da qualidade do solo é a utilização de inoculantes que atuarão no pilar biológico, químico e físico favorecendo a saúde do solo.
Os inoculantes devem ser utilizados como mais uma ferramenta a disposição do produtor para o aumento na produtividade da lavoura, os microrganismos presentes nesses produtos como o Azospirillum brasilense que estimulam o crescimento das raízes contribuindo com a maior eficiência na absorção de água e nutrientes como o N, destacado na Figura 1, onde a presença desse inoculante somada a aplicação do fertilizante nitrogenado, em cobertura, gerou ganhos expressivos de produtividade. Também são relacionados a essa bactéria efeitos fisiológicos como aumento no teor de clorofila das folhas e, consequentemente, maiores taxas fotossintéticas.
Com o cenário de mudanças climáticas as áreas agrícolas estão constantemente sujeitas a condições desfavoráveis ao crescimento e desenvolvimento das plantas, uma dessas é a falta de água ou restrição hídrica que provoca queda significativa na produção.
O uso de inoculantes a base de microrganismos pode minimizar os efeitos negativos do deficit hídrico através de estímulos para que as plantas tolerem essa condição. Estudo recente demonstrou que a inoculação com Bradyrhizobium japonicum e co-inoculação com Pseudomonas putida pode aumentar a nodulação, absorção de nutrientes e crescimento de plantas de soja em condições de deficiência hídrica.
Como usar inoculantes na agricultura?
O primeiro ponto a ser considerado no uso dos inoculantes é a procedência do produto, devem ser utilizados os registrados no MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e abastecimento), dentro da validade e que passaram por transporte e armazenamento correto. Vistas essas questões, os inoculantes podem ser aplicados no tratamento das sementes (TS), via sulco de plantio ou em área total.
A tecnologia do produto também é importante, esse deve possuir: qualidade de formulação que garante a estabilidade e viabilidade dos microrganismos em um maior tempo de armazenamento sobretudo sem refrigeração, compatibilidade com outros defensivos como fungicidas e inseticidas, tecnologia de adesão do produto à semente (caso seja utilizado o TS).
No uso de inoculantes no tratamento de sementes (TS), a recomendação é optar por produtos que permitam associação com defensivos e que mantenham os microrganismos viáveis por mais tempo após o tratamento da semente. Isso é especialmente importante, pois nem sempre o produtor consegue tratar a semente e plantar no mesmo dia ou no dia seguinte. Além disso, é essencial utilizar a dose recomendada pelo fabricante para obter os melhores resultados.
A aplicação em sulco de plantio é uma técnica viável para o uso de inoculantes, visto que muitas vezes o produtor já recebe a semente tratada e não tem estrutura para retratar com produtos biológicos, assim, a utilização de pulverizadores de sulco permite o uso de um ou mais inoculantes. Os cuidados com essa modalidade de uso são: pulverizador compatível com a semeadora e bem calibrado (aplicação da mesma dose do início ao fim), verificar a compatibilidade da calda e entupimento de bicos.
Vejam que o uso dos inoculantes pode ser feito com a estrutura já utilizada para o tratamento químico das sementes e aplicação no sulco de plantio, com os cuidados já mencionados é possível aderir essa ferramenta no manejo.
Os inoculantes são ferramentas que o produtor deve utilizar para elevar os patamares de produtividade da lavoura, pois trazem benefícios como o maior crescimento e desenvolvimento da cultura, aumenta a eficiência na absorção de água e nutrientes, maior tolerância ao estresse hídrico e térmico e aumento na qualidade e saúde do solo.
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