A plantação de trigo é uma atividade agrícola essencial que sustenta muitas economias ao redor do mundo. Este grão, cultivado em vastas extensões de terra, desempenha um papel crucial na alimentação global, fornecendo a matéria-prima para uma variedade de produtos alimentícios, desde o pão até a massa.
A plantação de trigo envolve uma série de processos cuidadosamente orquestrados, desde a preparação do solo até a colheita, cada um dos quais tem um impacto significativo na qualidade e quantidade da colheita.
Acompanhe conosco para explorar o fascinante mundo da plantação de trigo e sua importância para nossa economia e vida diária. Boa leitura!
Uma breve história sobre o trigo
Os relatos históricos demostram que a cultura do trigo está presente na alimentação humana desde 6.700 a.C. A região do “Crescente Fértil”, situado no oeste asiático, em que atualmente estão localizados os países do Iraque, Irã, Síria, Turquia e Líbano, foi a responsável pela domesticação da cultura entre os Rios, Tigre e Eufrates (Teruel & Smiderle, 1999).
No Brasil, o trigo chegou ainda no século XV, cultivado pela primeira vez na capitania de São Vicente; atual litoral paulista. Mas logo a cultura migrou para o sul do país, em razão das melhores condições de clima e solo.
Assim, foi a partir desse ponto que conseguimos impulsionar a produção de trigo no país.
Importância do trigo para economia brasileira
Atualmente, as áreas tritícolas estão presentes em oito estados. Em ordem decrescente de área, tem-se: RS > PR > MG > SC > SP > GO > MS > BA > DF (Conab, 2023). Área com plantação de trigo na safra 2023 é em torno de 3.431.400,00 há; um aumento de 11,20 % relação a 2022. Desta área, 43,28 % e 40,42 %, situam-se, respectivamente, no RS e PR.
Quanto a produção, segundo estimativas da Conab (2023), o país irá produzir 10.409.500,00 milhões de toneladas; 2 % abaixo da produção de 2022. Já a produtividade, também deverá ser de 1,12 % menor; 3.420,00 ha–1 em 2022, versus, 3.034,00 kg ha–1 em 2023.
Ainda assim, com projeções ligeiramente menores, a safra 2023 poderá elevar os atuais estoques de trigo no país. Por conseguinte, o que pode acarretar oportunidades futuras no mercado de exportação.
Para mais, de acordo com Deral, atualmente o Brasil tem importado menos trigo: foram 2,1 milhões de toneladas no primeiro semestre de 2023, ante, 3,4 milhões de toneladas no mesmo período de 2020. Assim, o que poderá apoiar uma balança comercial positiva a cadeia tritícola nacional.
Posto que atual safra deverá ser relativamente menor que a safra 2022, é importante saber que em 46 safras, de 1977 a 2022, a produtividade de trigo aumentou em 463,20 %; de 655,00 para 3.034,00 kg ha-1. A produção obteve acréscimos de 503,84 %: de 2.066.000,00 para 10.409.500,00 milhões de toneladas por ano.
Estes números crescentes da triticultura ao longo dos anos são relacionados aos avanços promovidos pelo melhoramento genético, manejo de solo e adubação e cuidados fitossanitários relacionados a doenças e pragas. Além disso, pesquisas sobre o zoneamento agroclimático possuem viés decisivo para cultura.
Em quais regiões do Brasil o plantio de trigo é realizado?
No Brasil, são designadas três regiões tritícolas. A primeira é denominada Região Sul, composta pelos estados do RS e SC. Essa região caracteriza-se pelas condições de temperatura mais adequadas – próximas a 20 ºC de temperatura média, e precipitação. Todavia, o excesso de chuva, é um dos principais motivos por diminuir a qualidade do trigo nestes estados.
A segunda região é composta por PR, SP e MS; denominada por Região Centro-Sul. As condições climáticas desta região são caracterizadas por uma menor precipitação – em comparação com primeira região, contudo, com temperaturas médias ainda adequadas; de 15 a 25 º C.
Por último, tem-se a Região Centro-Brasileira, com os estados de GO, DF, MG e BA. Nessa região, divide-se dois sistemas de cultivo. Um, predominado pelo sistema de sequeiro e que, por isso, possui a tendencia de alto risco em razão de estresses térmicos e hídricos. O outro, pelo sistema de cultivo irrigado; que minimiza os estresses hídricos.
Há também nesta última região, cultivos em altitudes acima de 800 m. Assim, o que designa boas colheitas devido a temperaturas diurnas e noturnas mais adequadas a cultura.
Especificamente sobre as condições ambientais que influenciam o desenvolvimento e a produtividade do trigo, temperaturas entre 20 ºC e 25 ºC são adequadas para o crescimento foliar. O perfilhamento é favorecido com temperaturas de 15ºC a 20 ºC. Já o desenvolvimento radicular e o perfilhamento, na fase inicial de desenvolvimento são beneficiados com temperaturas < 8,0 ºC. Na fase de floração e espigamento, temperaturas ótimas estão entre 18ºC e 24 ºC.
Ainda no tocante a temperatura, o trigo por ser uma espécie C3, pode ter consequências negativas quando as temperaturas excedem > 25 ºC. Nesta faixa térmica, há diminuição da taxa fotossintética e do crescimento, bem como, aumento da taxa de respiração e redução no número de grãos formados. Fatores que podem impactar diretamente a produtividade e a qualidade do trigo beneficiado.
Qual o ciclo da cultura de trigo?
Acerca da exigência hídrica, Cunha et al (2009) descrevem um consumo em torno de 3,9 mm dia–1. A depender da época de semeadura, em que no cerrado, no sistema de sequeiro, acontece de janeiro a fevereiro, e, irrigado, de abril a maio; e na região sul, que se estende de março a junho, este consumo pode oscilar em razão das propriedades do solo, tipo de clima e duração do ciclo da cultivar.
Neste ponto, há no Brasil, cultivares de 100 a 140 dias, que, portanto, também, podem ser mais ou menos sensíveis a exigência hídrica.
Quais são os fatores que afetam a produtividade e qualidade do trigo?
O estresse hídrico é um dos grandes causadores de redução de produtividade e qualidade da plantação de trigo. Na fase perfilhamento, o estresse hídrico acarreta diminuição no crescimento das plantas e no número de perfilhos. Na fase de alongamento, reduz o número de perfilhos com espigas.
E, especialmente, no emborrachamento, o estresse hídrico tende a promover aumento na esterilidade das flores. Nesse sentido, o que ocasiona falhas de granação e enchimento incompleto dos grãos. Um efeito direto na redução da produtividade.
Posto o déficit hídrico, há também o impacto do excesso de chuvas na cultura. Períodos de intensa precipitação proporcionam diminuição na produtividade e qualidade industrial do trigo. Além disso, geram condições adequadas para o aumento na incidência de doenças.
A grande quantidade de chuvas, especialmente durante o período de cultivo, é o princípio fundamental – juntamente com temperaturas elevadas e características genéticas inerentes à cultivar selecionada, para o nascimento da “germinação pré-colheita” ou “germinação na espiga”. Este problema é o principal redutor da produtividade e do valor comercial do trigo.
A germinação pré-colheita é provocada quando há quebra de dormência durante o período de enchimento de grãos, somada a chuvas na fase de colheita. Quando muito severa, a observação da germinação dos grãos pode ser diagnosticada no campo.
No entanto, por inúmeras vezes o problema não tem diagnostico a nível de lavoura. Dessa forma, a indústria tritícola emprega o método do Número de Queda de Hagberg (NQH) (Hagberg-Falling Number). O método constitui de um índice, em que, valores menores que 200, apontam a presença do problema.
A ocorrência de valores menores que 200, então, indicam a necessidade do trigo ser destinado diretamente para ração animal. Logo, acarretando uma perda ainda maior ao triticultor. Isso porque, novamente, o germinação pré-colheita, deteriora a produtiva, assim, o que diminui o seu ganho financeiro por área.
E, com a destinação direta do trigo para ração animal, o valor pago pela qualidade da produção é também deteriorada. Enfim, um prejuízo duplo ao produtor. Para indústria também. Pois, será necessária até, a depender do caso, a importação para cumprimento da produção.
Quanto ao segundo problema ocasionado pelo excesso de chuvas, tem-se o aumento da incidência de doenças. Nesse sentido, a ocorrência de duas doenças fúngicas merecem atenção especial (Forceline & Reis, 2005). A primeira é a Giberela (Gibberella zeae) causada pelo fungo Fusarium gramineaum pode provocar perdas de até 30 % na produtividade. Além disso, provocar a presença de micotoxinas nos grãos.
A segunda, refere-se a Brusone (Magnaporthe grisea), causada pelo fungo Pyricularia grisea. Essa doença possui ocorrência principalmente na região norte do Paraná. Sua incidência na lavoura pode reduzir em 50 % a produtividade. Ambas as doenças são de difícil controle, sendo controle genético, pela semeadura de cultivares tolerantes ou resistentes.
Quais são as pragas e doenças da plantação de trigo?
Outro ponto importante sobre a cultura é a respeito da atenção de pragas que podem atacar a lavoura.
As principais são pulgões, lagartas desfolhadoras, percevejos e corós. Os pulgões podem deteriorar a germinação dos grãos pela sucção da seiva. Já as lagartas, pode reduzirem a área foliar, impactam diretamente a fotossíntese.
Os percevejos, podem causar problemas no afilhamento, desenvolvimento das plantas e diminuição da produtividade.
Já os corós, são consideradas a praga mais prejudicial na plantação de trigo. Essa praga se alimenta de sementes, raízes e plântulas. Logo, o que pode diminuir o número de plantas por hectare. Deseja uma lavoura de trigo mais homogênea e com elevado potencial de produção? Experimente o fertilizante MicroEssentials® e aprimore a eficácia e a segurança na aplicação.
Engenheiro Agrônomo de visão holística e sistêmica, direcionado ao elo entre a pesquisa técnico-cientifica e a aplicabilidade agronômica. Com objetivo elevar a assertividade das estratégias de manejo (relações solo-planta-atmosfera), bem como, da análise de desempenho de novas tecnologias, em função das necessidades intrínsecas de ambiente de produção. Assim, ao final de cada projeto, proporcionar conclusões para maior rentabilidade dos negócios.