As diversas situações de disponibilidade de nutrientes no solo e demandas nutricionais das culturas fazem necessária a adequação das quantidades de nutrientes aplicados, adequação esta, que será realizada pelo ajuste da formulação de adubo aplicada e dose. Mas o que é uma formulação de adubo?
Saiba tudo sobre o assunto neste artigo!
O que é formulação de adubo?
Antes de se falar sobre formulação, é necessário definir o que é adubação: ato de disponibilizar ao solo/plantas, substâncias minerais ou orgânicas, naturais ou sintéticas, fornecedoras de um ou mais nutrientes das plantas.
Já a formulação de adubo, se refere ao produto da combinação das diferentes matérias-primas capazes de fornecer nutrientes para as plantas.
O processo não envolve reações químicas entre os componentes da mistura, o que assegura a manutenção das características próprias. Na Figura 1, é demonstrado o processo de dosagem e mistura de matérias-primas, para produção de formulado a ser envasado para posterior entrega ao agricultor.
Figura 1. Esquema do processo de mistura de fertilizantes.
As fórmulas são expressas pelos teores percentuais dos nutrientes que fornece e a escolha de qual a mais adequada, deve considerar a interpretação de laudo de análise de solo, expectativa de produção e histórico da área.
Por exemplo: aplicando-se 100 kg/ha da formulação NPK 00.18.18, se estará disponibilizando 0 kg/ha de N, 18 kg/ha de P2O5 e 18 kg/ha de K2O por hectare.
Os adubos formulados podem ser feitos através de uma mistura simples de grânulos de diferentes matérias-primas, ou ser fruto da fusão industrial de diferentes matérias-primas para obtenção de um único grânulo com todos os nutrientes, o chamado “NPK no grânulo”.
Dentre as matérias-primas fornecedoras de potássio (K) para formulações granuladas, tem-se o cloreto de potássio (KCl), além de sulfatos de potássio, como o KMag. Como fontes de fósforo (P) existe o fosfato monoamônio (MAP), Superfosfato Simples (SSP), Superfosfato Triplo (TSP), Fosfato Diamônio (DAP) além de MicroEssentials. Como fontes de nitrogênio (N), tem-se a ureia, sulfato de amônio (SA) e nitrato de amônio (NA).
Vantagens da formulação de adubo
Uma grande vantagem da formulação de adubo é a flexibilidade proporcionada pelo uso de ampla variedade de matérias-primas, permitindo às misturadoras, variar teores de nutrientes com baixo custo de operação.
Já o maior problema com as misturas é a segregação, que é a separação das diferentes matérias-primas que compõem o fertilizante, devido a desuniformidade de densidade, tamanho e forma dos grânulos.
Ou seja, a segregação de nutrientes em uma formulação de adubo, será proporcional à desuniformidade dos grânulos das diferentes matérias-primas que a compõem.
A segregação proporcionará aplicações desuniformes, tanto em aplicações centrífugas (à lanço) quanto aplicações localizadas, como no sulco de semeadura.
Na Figura 2, é ilustrado o processo de separação dos diferentes grânulos devido a vibração dos equipamentos de distribuição de fertilizantes, que resultará em uma aplicação desuniforme de nutrientes na lavoura.
Figura 2. Esquema do processo de segregação de fertilizantes por vibração dos equipamentos de aplicação.
Outra preocupação quanto à mistura de diferentes matérias-primas é a compatibilidade química. É preciso assegurar estabilidade química das diferentes matérias-primas utilizadas na mistura, entretanto, esta estabilidade nem sempre é alcançada ou pode ocorrer de forma limitada, dependendo das matérias-primas utilizadas.
Conforme demonstrado na Figura 2, misturas como ureia e nitrato de amônio não são compatíveis, pois irão reagir quimicamente, comprometendo tanto a qualidade física quanto química do produto final.
Figura 2. Tabela de compatibilidade de mistura de diferentes matérias-primas de fertilizantes.
Todas as definições e regulamentações acerca de fertilizantes no Brasil são definidas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), disponível através da normativa IN39.
Leia também: Como usar a “Lei do Mínimo” para racionalizar os investimentos com fertilizantes
Como calcular uma fórmula de fertilizante?
O cálculo se fundamenta na produção de 1.000 kg de produto acabado, através do emprego de várias matérias-primas para fornecer os nutrientes NPK, além de Ca, Mg, S e micronutrientes.
As indústrias trabalham no intuito de conseguir a melhor formulação, tanto do ponto de vista de qualidade e eficiência agronômica, atendimento às normas legais de fertilizantes, como do ponto de vista econômico.
Dessa forma, uma mesma formulação pode ser composta pela combinação de diferentes matérias-primas, dependendo da viabilidade e disponibilidade da indústria.
Uma formulação de fertilizante descrita como 05.25.25 tem 5% de N, 25% de P2O5 e 25% de K2O. Isto é, em cada 100 kg da referida formulação teremos 5 kg de N, 25 kg de P2O5 e 25 kg de K2O. Em 1.000 kg teremos, respectivamente, 50, 250 e 250 kg de N, P2O5 e K2O.
Vamos a um exercício de como calcular as matérias-primas desta fórmula 05.25.25.
O primeiro passo no cálculo de uma formulação de fertilizante é começar pelo cálculo do K2O, porque o mais utilizado como fonte de potássio é o cloreto de potássio (KCl), que contém 60% de K2O.
Como é necessário 25% ou 250 kg/t de K2O, uma simples regra de três dará o resultado.
Em 100 kg de KCl temos …………… 60,5 kg de K2O
Quanto KCl (X) é necessário para …..250 kg de K2O
X = 250 x 100 / 60,5
X = 414 kg de cloreto de potássio (KCl)
Sobra, então, 586 kg (1000 – 414) para se completar com nitrogênio (N) e fósforo (P2O5).
Utilizando-se o MicroEssetials S9 com 10% de N e 46% de P2O5, além de 9%S.
Em 100 kg de MicroEssentials S9 temos …………… 10 kg de N
Quanto MicroEssentials S9 (X) é preciso para …..50 kg de N
X = 100 x 50 / 10
X = 503 kg de MicroEssentials S9
Para completar o P2O5 da fórmula sem adicionar nitrogênio, existem duas opções: Superfosfato Simples ou Superfosfato Triplo. Neste caso, se opta pelo supersimples, devido aos teores de cálcio e enxofre.
Utilizando aqui o Fosmais 0% de N e 23% de P2O5, além de 17%Ca e 10%S.
Em 100 kg de Fosmais tem-se …………… 23 kg de P2O5
Quanto Fosmais (X) é necessário para …..18,62 kg de P2O5 (250 – (5,03×46))
X = 100 x 18,62 / 23
X = 81 kg de Fosmais
Os fertilizantes fosfatados e potássicos ainda podem receber um banho de 2 kg/ton de antipoante (responsável por reduzir o atrito entre grânulos e o despreendimento de finos), que deve ser contemplado no fechamento de fórmula.
Resumindo tem-se:
414 kg de Cloreto de potássio, que vão fornecer 250 kg de K2O numa tonelada ou 25%.
Atingiu-se assim a garantia da fórmula, ou seja, 25% de K2O.
503 kg de MicroEssentials S9, que fornecerão 50 kg de N ou 5% de N, além de 230 kg de P2O5 ou 23% de P2O5 .
Portanto, não se atingiu os 25% de P2O5 da formulação.
81 kg de Fosmais fornecerão 20 kg de P2O5 ou 2% de P2O5 .
2 kg de Antipoante.
Somando as matérias-primas chega-se ao resultado de:
414 de KCl + 503 kg de MicroEssentials S9 + 81 kg de Fosmais + 2 kg de antipoante dão um total de 1000 kg, ou seja, a fórmula fechou corretamente.