Solo arenoso: é possível plantar nele?

2 dez, 2022
Agrônomo Alan Ataíde
- Tempo de Leitura: 4 minutos
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O solo arenoso pode ser definido pela textura, que é um dos principais parâmetros utilizados como indicador de qualidade física dos solos. Através da sua determinação, é possível inferir sobre outros aspectos importantes para compreender o comportamento e definir técnicas de manejo que propiciem maior resiliência das culturas e, consequente, maior produtividade agrícola. Porém, apesar de ser um parâmetro direcionador e permitir inferências, a avaliação isolada da textura do solo não possibilita o entendimento completo do sistema de produção agrícola. Em outras palavras, solo arenoso não é tudo igual e a seguir nós vamos entender o porquê.

 

O que é um solo arenoso?

 

Definir um solo como sendo um “solo arenoso” passa pela caracterização textural, que distingue os solos em função de sua constituição percentual de partículas minerais primárias de 3 diferentes faixas de tamanhos, que proporcionam sensações táteis de atrito, sedosidade e pegajosidade. São elas denominadas areia, silte e argila.

Areias são minerais litogênicos, ou seja, que tiveram sua origem associada à decomposição de rochas e são altamente resistentes ao intemperismo. Possuem diâmetro entre 0,04 a 2mm, enquanto o silte tem de 0,002 a 0,05mm de diâmetro e as argilas, são aquelas com menos de 0,002mm.

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Figura 1 – Escala de tamanhos de partículas do solo.

Areias são grandes partículas, quimicamente inertes, que contribuem para a maior aeração e permeabilidade dos solos, mas, que em contrapartida, propiciam solos com baixa capacidade de retenção de água e nutrientes, imprescindíveis para a nutrição das plantas.

 

Quais são as propriedades do solo arenoso?

 

Solo arenoso é aquele composto por mais de 70% de areia, conforme figura 2, característica física que resulta em uma agricultura menos resiliente às variações de temperatura e disponibilidade hídrica e nutricional, exigindo técnicas de manejo  conservacionistas e que propiciem maior acúmulo de matéria orgânica através de novos arranjos e espécies vegetais.

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Figura 2 – Triângulo textural.

Uma vez que as areias são grandes partículas e quimicamente inertes, e que em função do tamanho, diferentemente das argilas, possuem poucas cargas elétricas capazes de reter nutrientes, isso torna-as acessíveis para as plantas absorverem. O “ingrediente” capaz de alterar esse ambiente de baixa disponibilidade de cargas elétricas é a matéria orgânica do solo.

 

Como melhorar o solo arenoso?

 

A matéria orgânica dos solos tropicais respondem por mais de 85% das cargas elétricas negativas dos solos, ou seja, a Capacidade de Troca de Cátions (CTC) dos solos. Dessa forma, o incremento de matéria orgânica em solos arenosos tem a capacidade de aumentar a retenção de água e nutrientes minerais, elevando o potencial produtivo destes solos. Entretanto, elevar o teor de matéria orgânica do solo arenoso não é tarefa fácil, uma vez que a grande aeração deste solos eleva a taxa respiratória de microrganismos e, consequentemente, a taxa de decomposição de material orgânico. Faz-se necessário então, em regiões agrícolas tropicais, o uso de técnicas de manejo que propiciem grande aporte de material orgânico de diferentes espécies vegetais ao ambiente de produção.

Devido a reduzida capacidade de retenção de água, a agricultura de sequeiro (sem irrigação) em solo arenoso se torna mais dependente de um regime de chuvas previsível e bem distribuído, limitando assim a aptidão de determinadas regiões e culturas.

O Cerrado brasileiro, característico pela presença de planaltos de latossolo, apresenta grandes extensões de solos arenosos, onde são cultivados soja, milho, algodão, entre outras culturas extensivas.

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Figura 3 – Solo arenoso com 16% de argila em Porto dos Gaúchos – MT.

Os solos leves (de textura arenosa) como o da figura 3, apresentam menor capacidade tampão, aspecto este que se caracteriza pela capacidade dos solos de resistir a alterações. Ou seja, solos menos tamponados respondem de forma mais linear às alterações impostas. Por exemplo: por apresentarem menor resistência à variação de pH após a operação de calagem, exigem menores doses e maior frequência de aplicação de calcário, quando comparado a solos com maior teor de argila. A mesma lógica se aplica para um maior risco de toxidez causado por aplicação de altas doses de fertilizantes, sobretudo os de maior efeito salino, como o cloreto de potássio, nitratos e boratos.

Por terem menor teor de cargas elétricas (menor CTC), os solos arenosos estão mais sujeitos à lixiviação de nutrientes minerais, com destaque aqueles de grande mobilidade no perfil do solo, como o nitrogênio (N), potássio (K), enxofre (S), magnésio (Mg), boro (B) e molibdênio (Mo). Esse maior potencial de perdas exige a aplicação fracionada de fertilizantes, visando a redução de perdas ao longo dos ciclos agrícolas, ou uso de fertilizantes de disponibilização “inteligente” de nutrientes. Ou seja, que disponibilizem nutrientes em acordo com a marcha de absorção destes pelas culturas.

 

Mas é possível plantar em solos arenosos e obter altas produtividades agrícolas?

 

A fazenda Jaguarundy, em Ponta Porã – MS, foi a campeã de produtividade de soja pelo Comitê Estratégico Soja Brasil (CESB) no Centro-Oeste, colhendo 127 scs/ha de soja em um solo arenoso, com 13% de argila. Mas como foi possível conseguir tal façanha?

Não há uma receita de manejo que permita uma prática agrícola exitosa em solo arenoso, más existem premissas já aceitas como pilares para o sucesso agrícola nesse tipo de ambiente produtivo. Condições climáticas como disponibilidade hídrica e amplitude térmica são mais impactantes ao desenvolvimento pleno das culturas de solos leves, mas como em ambientes abertos não podemos regular esses agentes, cabe ao técnicos e agricultores aplicarem técnicas que garantam às plantas maior tolerância às possíveis intempéries climáticas.

Em resumo, é sim possível obter sucesso com o cultivo de diversas culturas em solos arenosos, desde que se busque conhecer a interação solo/planta/clima local, a fim de aplicar de práticas agronômicas específicas que mitiguem possíveis estresses ao longo do ciclo de cultivo.

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