Você já ouviu falar sobre a “Lei do Mínimo”? No momento em que comecei a refletir sobre este artigo, eu me propus fazer um exercício para entender o que a internet já oferece sobre o assunto.
Abri o buscador de conteúdo, digitei “redução de adubação” e foram apresentados mais de 62 mil resultados. Mas não parei por aí, em seguida, escrevi “adubação equilibrada” e recebi 10 mil resultados. Fiquei curioso e, ao mesmo tempo, tentado a continuar e, como último passo, procurei “adubação balanceada” e pouco mais de 4 mil resultados vieram à tela.
A existência de muito conteúdo abordando a redução de adubação em detrimento ao equilíbrio ou balanço, a princípio, pode até fazer sentido, visto alguns fatores intrínsecos da agropecuária.
Os fertilizantes são indispensáveis para o aumento de produtividade e produção sustentável, mas assim como outros insumos, fazem parte do custo de produção, e em momentos nos quais o mercado pressiona as margens, o primeiro pensamento que vem à tona é de redução de custos e, consequentemente, da utilização desses produtos. Mas existem alguns problemas relacionados a essa tomada de decisão. Falarei mais abaixo!
Vantagens da adubação balanceada
Ao optar por reduzir a adubação, o produtor está diminuindo ou suprimindo o aporte de nutrientes às plantas, focando apenas no custo como o direcionador e desconsiderando aspectos importantes, como a condição do solo, plantas ou mesmo, o clima.
No curto prazo, essa opção reduz o orçamento, mas pode aumentar consideravelmente o risco da produção e impactar negativamente o resultado econômico da safra.
Já equilibrar ou balancear a adubação é um caminho que necessita de mais informações para a tomada de decisão, mas permite com que a lavoura responda melhor ao investimento realizado na adubação, reduzindo o risco e o custo por produto colhido.
O que muda nessa opção é o direcionamento para a redução ou mesmo aumento do aporte de nutrientes, considerando a análise de todos os elementos demandados pelas culturas e de como eles estão no solo.
Em termos práticos, é possível reduzir o aporte desde que seja feita uma análise para a realidade de cada nutriente, ou seja, identificar quais estão mais limitantes e que, se aplicados, gerarão maior retorno sobre o investimento.
Conhecendo a Lei do Mínimo
Para isso, é possível aplicar uma lei que, se seguida e respeitada, proporciona maior segurança e previsibilidade para as recomendações e resultados das adubações.
O conceito foi criado e colocado em prática em meados do século XIX, pelo inventor e químico alemão Justus von Liebig, e até hoje, é fundamental para o uso racional de nutrientes nas adubações.
Ao avaliar a disponibilidade de cada elemento no solo, ele observou que o rendimento de uma cultura é limitado pelo nutriente que se encontra menos disponível para as plantas.
A “Lei de Liebig” ou “Lei do Mínimo” pode ser facilmente explicada conforme a figura abaixo.
À esquerda, a tábua do nutriente P (fósforo) define o nível máximo de água no barril e mesmo que todas as demais tábuas estejam mais altas, essa única limita o nível da água. No momento em que essa tábua é alinhada com as demais, representando a adubação, a capacidade de água do barril aumenta.
Figura 1. Representação da “Lei do Mínimo” e influência da adubação na alteração do Nível de Produtividade
Expandindo este conceito para as lavouras, a limitação da produtividade das plantas é evitada com o equilíbrio de todos os nutrientes. Ou seja, para garantir um solo saudável e produtivo, é preciso atender as necessidades de nutrição que satisfaçam a necessidade das culturas.
Isso quer dizer que, mesmo que seja aplicada uma grande quantidade de nutrientes nas adubações, se o teor de um único nutriente, que estiver mais limitante no solo, não for atendido, a eficiência da adubação será muito baixa.
Por este motivo, o passo mais importante para iniciar a discussão sobre a adubação é fazer um diagnóstico bem feito, identificando quais nutrientes podem estar limitando o potencial produtivo.
Ferramentas poderosas como, boas amostragens das áreas, análises de solo confiáveis, conhecimento do histórico de manejo e da cultura a ser implantada são essenciais para realizar um bom diagnóstico e recomendar os nutrientes de acordo com a filosofia dos 4C´s – nutriente Correto, dose Correta, local Correto, momento Correto.
Lei do mínimo: veja formas de aplicação
Na primeira parte deste artigo, busquei contextualizar como a falta de alguns ou mesmo de um único nutriente pode limitar a produtividade e gerar baixos retornos sobre o investimento em fertilizantes. Conhecendo a “Lei do Mínimo”, minha proposta para este segundo momento é de exercitarmos este conceito fazendo uma adubação.
Mas, para evitar termos técnicos e a necessidade de conhecimentos aprofundados em interpretação de análise de solo e nutrição, vamos facilitar o processo com um “jogo da adubação”.
Nas figuras abaixo, apresentamos, em formato de quadrado, tanto os teores de nutrientes no solo, em laranja, quanto às doses que são aportadas nas adubações, em verde.
O objetivo do jogo é de se utilizar dos quadrados verdes para nivelar as colunas dos nutrientes do solo (N, P, K, S e B) para obter a maior pontuação possível. Mas, atenção: como na Lei do Mínimo, a coluna que estiver com menor quantidade de quadrados coloridos (laranjas e verdes) definirá a pontuação máxima.
Entendidos o objetivo do jogo e as regras, falta definir quantos quadrados estão disponíveis para utilização e estes são dados pelo campo “RECURSOS” contendo oito quadrados verdes.
Agora vamos colocar em prática e, em três tentativas, buscar atingir a maior pontuação possível com os recursos disponíveis.
Tentativa 1: os oito quadrados verdes foram utilizados para elevar as colunas de N, P e K com quantidades praticamente iguais para cada nutriente. Perceba que mesmo com o grande incremento no N, P e K, ao final, a coluna S é a que define a pontuação de 400 pontos.
Tentativa 2: cinco quadrados verdes utilizados para nivelar as colunas do N, P e K e três utilizados para ajustar as colunas do S e B. Resultado final: 600 pontos.
Tentativa 3: Como não há recursos suficientes para elevar todos os nutrientes no nível do N, os oito quadrados foram utilizados para ajustar os demais nutrientes, gerando 700 pontos.
Entenda as análises
Se você chegou até aqui e entendeu bem o conceito da “Lei do Mínimo”, vai notar que o que este jogo ilustra é a realidade das tomadas de decisão para adubação.
Além da necessidade de conhecer a fertilidade do solo, existem diversas possibilidades de combinações de adubações e cenários que, geralmente, são de recursos limitados. E as tentativas no jogo buscaram ilustrar os seguintes cenários:
Tentativa 1
Casos em que a adubação é realizada baseada apenas na experiência ou com baixa informação, considerando pouco os teores de nutrientes do solo ou mesmo o balanço da adubação. Costuma ser a decisão entre utilizar “mais ou menos adubo” na safra e sem muita atenção às necessidades das plantas ou condições do solo.
Tentativa 2
Adubação já considerando fatores relacionados à expectativa de produtividade e o balanço entre os nutrientes. Comumente, são situações em que existe a preocupação em aplicar “pontos” ou “quilos” de nutrientes e são, processos mais eficientes que a anterior. O que ocorre, entretanto, é que a análise tende a ficar muito focada nos macronutrientes primários (NPK), e os demais nutrientes são aplicados de forma incidental por estarem, de alguma forma, contidos nos produtos.
Tentativa 3
É o melhor exemplo sobre como utilizar de forma racional os recursos para adubação. Perceba que, mesmo não sendo possível investir totalmente em todos os nutrientes, o entendimento sobre a situação do solo e a importância do balanço da adubação proporcionam o melhor resultado dentre as tentativas.
A restrição de recursos pode não ter permitido atingir o máximo potencial, entretanto, a estratégia de eliminar ou minimizar os nutrientes que estão limitantes possibilitaram, nesta situação, aproveitar o investimento feito em fertilizantes e gerar ganhos em produtividade.
Considerações sobre o jogo da adubação e Lei do Mínimo
Tanto no “jogo da adubação” quanto na vida real, para usar de forma racional os fertilizantes e obedecer a conceitos básicos agronômicos, como a “Lei do Mínimo”, devemos sempre nos basear em fatos, dados, informações e, sem dúvida alguma, em nossa experiência adquirida para definir a melhor estratégia.
Conhecer profundamente como está o solo, a cultura a ser implantada e utilizar ferramentas que proporcionam melhores diagnósticos, recomendações e eficiência de uso de nutrientes gerarão, certamente, benefícios em produtividade e sustentabilidade da produção.
Como a Mosaic Fertilizantes pode ajudar?
Após o diagnóstico realizado, o melhor caminho para reduzir risco sem reduzir o potencial produtivo das culturas é fazer o uso racional de nutrientes e de produtos de alta eficiência e comprovados.
São essas razões que fazem com que a Mosaic Fertilizantes desenvolva e recomende produtos como o Performa, linha de fertilizantes de alto desempenho que combina o que há de mais avançado em tecnologias para proporcionar a maior eficiência das adubações e aumentar a produtividade, rentabilidade e sustentabilidade da produção.
A linha Performa possui o melhor das tecnologias da Mosaic Fertilizantes – MicroEssentials, Aspire e K-Mag – contendo macro e micronutrientes em teores equilibrados, com disponibilidade imediata e gradual de nutrientes e alta uniformidade, proporcionando rendimento operacional elevado e distribuição eficaz no campo.
Todas essas características e benefícios geram incrementos na absorção de nutrientes, melhor nutrição das lavouras e resultam em aumento de produtividade.
Para a cultura da soja, por exemplo, a utilização dos produtos pode elevar a produção em até oito sacas por hectare em relação a adubações convencionais.
A linha Performa foi desenvolvida para nutrir as lavouras do início ao fim do ciclo e auxiliar na construção da fertilidade dos solos, resultando em sistemas produtivos cada vez mais eficientes e sustentáveis.
Por Flávio Bonini, Gerente de Serviços Técnicos da Mosaic Fertilizantes