Os conceitos básicos para as adubações racionais têm sido apresentados e discutidos em diversas oportunidades.
Atentar-se a pontos de como fazer um bom diagnóstico do solo, entender o potencial dos materiais genéticos que serão semeados e utilizar a “Lei do Mínimo” e os 4C’s para definir quais nutrientes, doses, locais e momentos mais adequados são passos importantes para o sucesso das fertilizações.
Com uso do “jogo da adubação”, podemos analisar exemplos práticos e comprovados de adubações racionais.
Os casos apresentados a seguir são de campos de validação de adubação realizados em áreas de agricultores que se dispuseram a testar recomendações e tecnologias diferentes das que habitualmente utilizam.
E, para que possamos entender que os conceitos valem para diferentes realidades, duas situações de manejo e fertilidade de solo distintas demonstraram que sempre é possível balancear e ajustar as adubações com foco na máxima eficiência de uso.
CASO 1 – Solo com fertilidade em construção
O primeiro caso ilustra uma situação em Tabaporã (MT), em que o solo está em processo de construção da fertilidade, como pode ser visto na figura de análise de solo.
Os teores de nutrientes estão classificados como “muito baixo” e “baixo” para fósforo (P) e potássio (K), respectivamente, “médio” para o magnésio (Mg), “alto” para enxofre (S) e cálcio (Ca).
Relembrando a Lei do Mínimo, é possível constatar que o P e K são os nutrientes limitantes à produtividade e que há ainda uma oportunidade de ajuste do Magnésio.
Adicionalmente, conhecendo a dinâmica dos nutrientes e a cultura a ser semeada, podemos inferir que mesmo o enxofre em nível alto a aplicação em doses que se equiparem à extração deste pela cultura pode ser benéfica à produtividade.
Isso por ser um nutriente que caminha muito rápido no solo junto à água das chuvas e que é altamente demandado pela cultura da soja.
Como resultado, as doses de P e K aplicadas na adubação “padrão” permitiram à cultura da soja atingir uma boa produtividade de 3.480 kg/ha.
Na adubação sugerida, as doses de P e K foram bem menores do que na adubação padrão, entretanto, houve um melhor balanceamento da nutrição realizada pela aplicação de Mg e S que, ao final, resultou em 3.720 kg/ha de soja.
A adubação sugerida em relação a padrão, além de incrementar a produtividade em 240 kg/ha (+6,8%) ainda se mostrou mais eficiente do ponto de vista de aproveitamento de nutrientes, saltando de 13,6 kg para 14,6 kg de soja colhidos para cada quilo de nutriente aplicado.
Os resultados corroboram com o conceito de que um diagnóstico bem feito aliado ao conhecimento do solo, nutrientes e cultura foram determinantes para a aplicação de adubações racionais.
CASO 2 – Solo com fertilidade construída
Existem solos que já apresentam grande parte dos nutrientes em teores adequados, como este campo instalado em Pinhal Grande (RS).
Seria mais provável que, nesse caso, a resposta da adubação a doses de macronutrientes primários (NPK) não apresentasse incrementos de produtividade consistentes e levasse o agricultor a acreditar que não haveria limitações químicas ao crescimento e desenvolvimento da lavoura.
Entretanto, no momento da definição da adubação foi observado que o boro (B) apresentou teor médio no solo, o que levou à substituição da cobertura com Cloreto de Potássio contendo 60%K2O por um produto de maior performance, com 58% de K2O e 0,5% de B.
Em resumo, a inclusão de apenas 400 gramas de B na adubação sugerida, em um solo com a fertilidade praticamente construída, foi responsável por um incremento de 162 kg/ha (+4,4%) de soja em relação à adubação padrão.
Nesse caso, especificamente, pouco poderia ser alterado nas doses de P e K, por já se aproximarem muito da exportação de nutrientes pela cultura.
Porém, o diagnóstico da necessidade de boro fez com que o resultado de produtividade fosse ampliado pela adubação, com pouca alteração do manejo e operacional no campo.
Analisando os casos: vantagens das adubações racionais
Com a análise dos dois casos é possível constatar que, com informação adequada, ferramentas e insumos que atendam às necessidades, sempre é possível ajustar e balancear as adubações e o uso dos nutrientes.
Em situações nas quais os solos ainda estão em processo de construção de fertilidade, como o caso 1, foi possível criar uma estratégia que permitiu racionalizar o uso de P e K sem abrir mão da produtividade.
Já em áreas com solo de maior fertilidade e capacidade para suprir nutrientes para as lavouras, como o caso 2, entender os detalhes dos teores de nutrientes e suas interações criou oportunidades para manejos que melhorem o balanço nutricional, produtividade e sustentabilidade da produção.
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